8 de 11 estados afetados por óleo descartam material em aterros ou fábricas de cimento, diz Marinha

Oito dos 11 estados afetados pela manchas de óleo que contaminam o litoral brasileiro desde agosto estão destinando os resíduos para aterros sanitários ou fábricas de cimento que reaproveitam o material.

A Marinha do Brasil disse em nota divulgada neste domingo (24) que Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe encaminham o material recolhido nas praias para esses locais, considerados “ambientalmente adequados”. A nota não revela qual o destino do óleo encontrado em Espírito Santo, Maranhão e Rio de Janeiro, estados que também receberam manchas de petróleo.

Desde o início do desastre, em 30 de agosto, 749 localidades foram atingidas, segundo o mais recente balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), com dados até o dia 23 de novembro. Neste sábado os resíduos foram encontrados no Rio de Janeiro, último estado a ser afetado.

De acordo com a Marinha, fábricas de cimento da Votorantim (em Sergipe e Ceará), da Apodi (no Ceará), da Intercement (na Bahia) e da Mizu (no Rio Grande do Norte,) estão recebendo os resíduos de óleo. Em outubro a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) já havia anunciado interesse em receber o óleo recolhido no litoral do Nordeste e utilizá-lo como combustível para fornos em indústrias do setor.

Investigação federal

A busca pela origem do material que contamina a costa foi alvo de críticas de ambientalistas, que avaliam que o governo demorou a agir. As primeiras manchas de óleo foram localizadas na Paraíba no dia 30 de agosto.

Segundo órgãos federais, a substância é a mesma em todos os locais: petróleo cru. O fenômeno tem afetado a vida de animais marinhos e causado impactos nas cidades litorâneas.

Uma investigação da Polícia Federal aponta que o navio grego Bouboulina é o principal suspeito pelo vazamento. A embarcação carregou 1 milhão de barris de petróleo Merey 16 cru no Porto José, na Venezuela, no dia 15 de julho e zarpou em direção à Malásia, passando pelo litoral da Paraíba no dia 28 de julho.

A empresa Delta Tankers, responsável pelo navio, afirma ter provas de que o Bouboulina não tem relação com o incidente. A Delta foi notificada pela Marinha brasileira junto com responsáveis por outras quatro embarcações de bandeira grega.

Na última sexta-feira (15) a consultoria americana SkyTruth publicou um artigo dizendo que não concorda com a análise que chegou ao Bouboulina. A organização, especializada em monitorar os oceanos por meio de imagens de satélite, disse que não viu “nenhuma evidência convincente de manchas ou fontes de óleo nas imagens” e que “não concorda” com as análises publicadas “por outras pessoas que alegam ter resolvido o mistério.”

Dentre os cinco navios gregos notificados pela Marinha do Brasil na investigação sobre o vazamento de óleo, dois não transportaram petróleo da Venezuela no período de julho até setembro. A Petrobras disse, no último dia 25, que o material encontrado nas praias nordestinas é petróleo bruto originário de três diferentes campos da Venezuela.

G1



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