LACEN-BA: Um ano de trabalho árduo na testagem de casos de Covid-19

Foto: Leonardo Rattes/Saíde GovBa

Mulher, 34 anos, residente na cidade de Feira de Santana, retornou da Itália em 25 de fevereiro, com passagens por Milão e Roma, onde aconteceu a contaminação. A paciente veio manifestar os sintomas depois de ter chegado ao Brasil. Esse foi o primeiro caso na Bahia confirmado de Covid-19 pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), no dia 6 de março de 2020. As amostras foram coletadas na residência da paciente e analisadas pelo laboratório, que a partir de então foi autorizado a realizar os exames para detectar diretamente a Covid-19, sem necessidade de contraprova em laboratório de referência nacional.

Um ano depois, o Lacen-BA contabiliza mais de 845 mil testes (RT PCR) realizados. Para o secretário da Saúde, Fábio Vilas-Boas, os bons resultados são possíveis porque o Lacen-BA conseguiu se manter trabalhando desde a chegada da pandemia no Brasil. “Não ficamos dependendo apenas dos kits de testagem enviados pelo Ministério da Saúde. A Bahia fez aquisição de equipamentos e insumos com recursos próprios, até o mês de agosto, quando o Ministério passou a fornecer os insumos para a realização dos testes.”

O quantitativo de testes para Covid-19 realizados pelo Lacen-BA coloca a Bahia em segundo lugar nacional no ranking de testagem, ficando atrás apenas de São Paulo. Para alcançar esse resultado, foram investidos em uma nova ala da unidade, onde são realizados os testes de biologia molecular, mais de R$ 5 milhões, em obras e equipamentos, ampliando a capacidade de 400 para cerca de 5.000 testes/dia. “A nova ala tornou o Lacen-BA o maior laboratório do País em capacidade de realização de exames da Covid-19, e foi idealizada de forma preventiva para o estado, ainda em janeiro, quando a China divulgou o início da pandemia mundial”, explicou o secretário da Saúde.

A diretora-geral do Lacen-BA, Arabela Leal, acrescenta que foram comprados extratores, pipetadores, amplificadores, termocicladores, insumos, além de um sequenciador, equipamento que realiza o sequenciamento genético do vírus da Covid-19. Foi realizada a contratação de pessoal para ampliação do serviço e desse modo, a unidade passou a funcionar 24 horas, 7 dias por semana. “Tudo isso permitiu nossa ampliação e assegurou que não parássemos um único dia, trabalhando sem parar”, pontuou.

Para Márcia São Pedro, diretora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), “o Lacen-BA tem uma papel muito importante na vigilância laboratorial, uma vez que o diagnóstico para os agravos de saúde pública vem sendo dado em tempo oportuno, o que permite à vigilância epidemiológica a identificação do caso, o monitoramento, o acompanhamento e a adoção das ações pertinentes para o controle daquele agravo na população”.

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Outros Exames

O Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia é a terceira maior unidade de vigilância laboratorial do país, classificado na categoria máxima de qualidade pelo Ministério da Saúde. Com 105 anos de funcionamento, completados em setembro de 2020, a unidade, além de referência para a testagem de Covid-19, é responsável pela testagem de diversos outros agravos, como tuberculose, hanseníase, Chagas, HIV, hepatites, entre outras, além da água contaminada, o alimento que não tem condições de ser consumido, o produto de limpeza que causa intoxicação.

No total, a Rede de Laboratórios de Saúde Pública da Bahia (RELSP) conta com a unidade central em Salvador, o Lacen-BA, que tem 406 funcionários atuando nos três turnos, e mais 12 unidades, uma Unidade de Referência Estadual, em Jequié, e mais 11 unidades de Referência Municipal, nos municípios de Porto Seguro, Paulo Afonso, Teixeira de Freitas, Vitória da Conquista, Guanambi, Brumado, Ibotirama, Bom Jesus da Lapa, Luís Eduardo Magalhães, Serrinha e Senhor do Bonfim.

Somente no período de janeiro de 2020 até o último dia 3 de março, o Lacen-BA realizou mais de 845 mil exames de RT PCR, para análise de Covid-19, além de 547.080 exames para detecção de outros agravos, 300 mil para detecção de HIV/hepatites e 93 mil para detecção de arboviroses (dengue, chikungunya e zika), totalizando quase 1,5 milhão de exames de saúde pública realizados.

O investimento feito na ampliação do Lacen-BA por causa da Covid-19 vai continuar beneficiando os baianos mesmo depois que a pandemia estiver controlada, pontuou Arabela Leal. “Esta estrutura foi montada para a Bahia”

Por ser um Laboratório de Saúde Pública, o Lacen-BA está inserido na Vigilância à Saúde, que engloba as vigilâncias Sanitária, Epidemiológica e a Saúde do Trabalhador, explica Arabela Leal. “E nós atuamos de forma transversal, fazendo a análise dos dados. Quando a vigilância sanitária de algum município faz a apreensão de algum produto ou alimento, ou quando há suspeita de surto, todo esse material vem para o Lacen-BA. Então essa é uma ação conjunta de vigilância. Atuamos durante todo o ano, em parceria com as unidades sentinelas do Estado e dos municípios que nos enviam amostras”.

Sequenciamento

O Laboratório realizou o sequenciamento de 144 genomas do SARS-CoV-2 (Covid-19), identificando a circulação de 16 linhagens diferentes de coronavírus. Com o investimento superior a R$ 20 milhões nos últimos anos pelo Governo do Estado, a unidade tornou-se referência nacional para fazer o sequenciamento genético de amostras da Bahia e de outros cinco estados (Sergipe, Alagoas, Piauí, Pernambuco e Rio Grande do Norte).

A diretora geral do Lacen-BA destaca que as amostras foram baseadas na representatividade de todas as regiões geográficas do estado. “Os 144 genomas sequenciados são provenientes de diversos municípios da Bahia, sendo que todos os pacientes tinham sintomas clínicos característicos, como dificuldade de respirar, cansaço, Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ou pneumonia, bem como eram casos suspeitos de reinfecção e óbitos”, explica a diretora geral.

Novas Linhagens

Em janeiro de 2021 foram também detectadas no estado as novas variantes do SARS-CoV-2, recentemente identificadas no Brasil, sendo elas a variante P.1 e P.2 isoladas pela primeira vez no Norte (Manaus, Amazonas) e no Sudeste do país (Rio de Janeiro). Em fevereiro de 2021 também foi detectada a linhagem peruana C.14, marcando a introdução da mesma através de um viajante por meio de um navio, e a linhagem B.1.1.7 ou variante do Reino Unido ou britânica, detectada no Reino Unido pela primeira vez no início de dezembro de 2020.



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