Um a cada quatro pacientes apresentam queda de cabelo após Covid-19

Médicos dermatologistas estão constatando um aumento nas queixas de queda de cabelo em pessoas que tiveram Covid-19. “A cada quatro pacientes que tiveram Covid-19, pelo menos um apresenta essa queda de cabelo pós Covid”, relata Fátima Tubini, dermatologista da Academia da Pele.

Segundo a médica, não há distinções entre homens e mulheres, pois a condição se manifesta em ambos os sexos. As mulheres, no entanto, tendem a buscar ajuda médica com maior frequência ao notarem o problema.

“A queda de cabelo pós Covid-19 não é uma novidade. Essa queda acontece após processos inflamatórios. Só que a gente percebe que está sendo mais precoce e pode ocorrer até um mês depois da doença”, explica a dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Silvana Lessi Coghi.

O ciclo de crescimento do cabelo conta com três fases: anágena, catágena e telógena. A primeira é uma fase de crescimento, que abrange o tempo de crescimento e de permanência dos fios no couro cabeludo. A catágena é a preparação para a queda, uma fase de degradação que é seguida pela fase telógena, onde há, de fato, a queda dos fios.

“A Covid-19 pode provocar uma inflamação nos folículos pilosos [estruturas responsáveis pelo crescimento dos pelos], levando a algo que chamamos de eflúvio telógeno”, complementa Fátima Tubini.

De acordo com a dermatologista, no eflúvio telógeno, o cabelo passa mais rapidamente para a fase de queda, como se os fios durassem menos. Nessa situação, a queda diária de cabelo, que costuma ser de 100 a 150 fios, pode chegar a 300 fios.

Além da inflamação, o estresse também pode ser um fator para a queda de cabelo. “Tanto o estresse pela doença, quanto o estresse por toda a situação do isolamento social, a preocupação. É uma somatória de fatores que fazem com que esse cabelo possa cair excessivamente pós Covid-19”, reforça Tubini.

A doença também pode ser um gatilho para problemas genéticos relacionados à queda de cabelo. “Alguns pacientes apresentam outro tipo de queda após a infecção por Covid que é a alopecia areata”, pontua Carla Nogueira, dermatologista da Mais Cabello.

A alopecia areata é uma doença inflamatória cuja queda de cabelo gera falhas circulares no couro cabeludo. O que se especula entre os médicos, de acordo com Nogueira, é a Covid-19 não necessariamente tem relação direta com a alopecia areata, mas pode ser um gatilho para o desenvolvimento da condição em pessoas que já contavam com uma predisposição genética.

“A queda pós Covid-19 tende a uma resolução espontânea depois de um período. Se você tem predisposição genética à queda de cabelo, como calvície ou alopecia areata, a tendência é ficar com o cabelo mais ralo. O quadro é pior”, aponta a dermatologista Fátima Tubini.

O ideal é que o paciente que teve Covid-19 e está notando queda de cabelo exarcebada consulte um médico o quanto antes. O tratamento auxilia na diminuição da queda e na reposição adequada dos fios.

Alimentação é fator essencial na saúde capilar
Uma alimentação equilibrada é um dos importantes cuidados com a manutenção da saúde capilar. Na identificação da origem da queda de cabelo, médicos dermatologistas verificam se os pacientes estão com aminoácidos, vitaminas e minerais em dia, já que a falta desses pode ser motivo do enfraquecimento dos fios.

“A anemia é um fator importante. Não há queda de cabelo que você consegue recuperar sem reposição de ferro”, exemplifica a dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Silvana Lessi Coghi.

Além do ferro, o consumo de proteínas precisa estar em dia. “O fio de cabelo é feito de queratina, cuja matéria prima são os aminoácidos. Então, precisamos de proteínas e, por isso, dietas restritivas devem ser evitadas”, explica Carla Nogueira, dermatologista da Mais Cabello.

A presença de verduras, frutas e legumes também são essenciais para um cabelo saudável. Neles, é possível encontrar vitaminas e minerais que permitem o crescimento e fortalecimento dos fios.

Unidos à alimentação, outros cuidados são pontos importantes de atenção, como evitar altas temperaturas da água do banho ou do secador e o atrito da toalha ou de escovas e pentes. Dermatologistas também não indicam dormir com o cabelo preso ou molhado e reforçam a importância de uma higiene adequada, lavando o cabelo assim que notar que está oleoso.

 

Fonte: Gabriela Bonin/ Folhapress



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