Novos bafômetros da Polícia Rodoviária Federal fazem 12 medições por minuto

 

O estilo despojado de André Felipe, 23 anos, ia completamente de encontro ao nervosismo do jovem estudante de Engenharia Civil. Ontem, enquanto dirigia para o município de Presidente Dutra, no Centro-Norte da Bahia, na companhia de mais três amigos, ele foi parado por policiais rodoviários federais que faziam a primeira blitz com os novos bafômetros adquiridos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF-BA).

Bafômetros não, etilômetros passivos. Os novos equipamentos conseguem registrar a presença de álcool no ar, ainda dentro do carro abordado, dispensando a necessidade de o motorista fiscalizado soprar o aparelho convencional.

Conforme explica Sérgio Freitas, chefe do núcleo de comunicação da PRF na Bahia (Nucom), a grande vantagem oferecida pelos novos aparelhos é aumentar o número de pessoas fiscalizadas durante as blitze, já que esse aparelho é capaz de realizar cerca de 12 aferições por minuto. O bafômetro convencional demora de cinco a dez minutos para fazer uma única checagem.

Contudo, o antigo bafômetro não será descartado nas operações. A ideia é fazer um trabalho em conjunto: se o novo aparelho acusar a presença de álcool no ambiente, o motorista será encaminhado para o “velho amigo”.

Se o etilômetro encontrar algum indício, ainda que mínimo, da presença de álcool, aparece uma luz amarela. Já a luz vermelha indica que, no local, há muito álcool, o que significa que o condutor deve ser parado e submetido ao teste de alcoolemia pelo bafômetro tradicional. Ele é o único com a capacidade de medir a quantidade exata de álcool no sangue, além de imprimir todos os dados constatados no teste.

Agilidade
Isso quer dizer que o novo bafômetro – ou etilômetro – servirá ainda para agilizar as abordagens que acontecem durante as blitze realizadas pela PRF-BA. Assim, também será possível liberar imediatamente os motoristas que foram parados, mas não consumiram bebida alcoólica – o caso de André. Nesses casos, o aparelho acende uma luz de cor verde.

André Felipe não foi o único a ter o carro abordado, ontem à tarde, pela PRF-BA. Outro que foi apresentado à novidade, numa blitz na BR-324, próximo a Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, foi Lázaro Gomes e seu amado veículo: um gol vermelho ano 2000 a quem ele chama carinhosamente de “Bumblebee vermelho”, em homenagem ao carro protagonista do filme Transformers.

“Acho a notícia boa, recebi a mensagem no celular, ontem (anteontem) de tarde, e achei que fosse invenção do povo. Hoje de manhã, eu vi na TV que era verdade mesmo. Só não achei que conheceria [o novo bafômetro] tão rápido” – conta, aos risos, o mecânico, que seguia ontem em direção a Feira de Santana, no Centro-Norte do estado.

Distribuição
A PRF-BA comprou 40 equipamentos, que foram distribuídos para cinco cidades espalhadas por toda a Bahia. Cada município ficou com oito etilômetros passivos. São eles: Feira de Santana (no Centro-Norte da Bahia), Jequié (no Centro-Sul), Salvador, Simões Filho (na Região Metropolitana de Salvador, a RMS) e Vitória da Conquista (no Centro-Sul do estado).

Em entrevista ao CORREIO, o chefe do Nucom da PRF, Sérgio Freitas, contou que há a expectativa de que a Polícia Rodoviária Federal compre mais aparelhos em breve, mas não soube dizer a quantidade, nem quando acontecerá o investimento.

Economia
Além de agilizar o processo de checagem e dar a possibilidade para que os policiais aumentem as fiscalizações, o novo bafômetro também representa uma economia para os cofres da PRF.

Diferente do bafômetro convencional, o novo tem o bocal fixo e reutilizável. Cada bocal descartável do convencional custa R$ 1,50 – e não pode ser reutilizado de maneira alguma, conforme explica Sérgio Freitas.

O vendedor Rodolfo Mendes, 37, estava saindo de Salvador quando foi parado pela blitz. Para fazer o teste, ele sequer precisou sair do carro. A novidade também foi elogiada pelo vendedor, que ainda tinha cerca de 90 quilômetros para dirigir até a cidade de Feira de Santana. Para uma primeira experiência numa blitz, Rodolfo confessou que  é “menos traumática do que imaginava, sem nenhum contato físico”.

Lembra de André, o estudante do início da matéria? Ele também foi liberado sem problemas e seguiu com seus amigos Jário, José Marinho e Miranda para a cidade de Presidente Dutra. Aliviado com a liberação e pronto para enfrentar  480 quilômetros de viagem, ele também aprovou o novo equipamento junto com os amigos.

Antes de seguir viagem para matar a saudade dos pais na ‘Capital da Pinha’, os rapazes afirmaram que o aumento na fiscalização pode ajudar na prevenção de acidentes e dar mais tranquilidade para quem enfrenta a estrada.

Educação no trânsito
No entanto, a fiscalização e a repressão do uso de bebida alcoólica no trânsito não bastam. “Só a repressão é insuficiente. Também precisamos educar”, diz Sérgio Freitas, do Nucom da PRF-BA, ao comentar as medidas de sensibilização que o órgão tem adotado para diminuir os casos de combinação entre álcool e volante.

Os dados recentes são animadores: entre janeiro e setembro de 2017, a PRF flagrou 1.838 casos de alcoolemia. Já em 2018,  o número de flagrantes diminuiu para 1.517 casos no mesmo período. Foram mais de 300 casos a menos, uma redução de 17,4%.

O policial explica que os números positivos são “uma mistura das duas coisas: o aumento da fiscalização e as medidas para sensibilizar os motoristas”. Entre as medidas está o ‘Cinema Rodoviário’, um ônibus da PRF transformado em sala de cinema, onde os filmes são vídeos educativos, falando da importância de se prevenir no trânsito e o  que pode acontecer caso o motorista arrisque a combinação de beber e dirigir.

O inspetor Miranda é um dos responsáveis pela ação e indica que o cinema não atua apenas em estradas, mas também vai até escolas e bairros para poder educar crianças e adolescentes, “formando cidadãos conscientes e trabalhando para construir um futuro com menos ocorrências e acidentes com veículos”.

Segundo o inspetor, o cinema tem uma meta de abordagem diária, que ele chama de “meta de sensibilização” em cada Unidade Operacional (UOp) do Estado. Na Bahia, existem 25 UOps e cada uma tem a meta de sensibilizar 120 pessoas por dia, totalizando uma meta de 3 mil pessoas sensibilizadas pelo Cinema Rodoviário diariamente em todo o estado da Bahia.

Bafômetro convencional só é usado se o primeiro acusar a presença de álcool
(Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Transalvador já usa aparelhos desde 2016
A novidade apresentada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF-BA), ontem, já existe e é presente nas blitzes realizadas nas ruas e avenidas de Salvador há dois anos. Segundo informações da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador), desde 2016, esse tipo de equipamento é utilizado pelo órgão municipal. Atualmente, a Prefeitura dispõe de oito equipamentos conhecidos como etilômetros passivos, que são iguais àqueles adquiridos pela Polícia Rodoviária Federal.

Até o último dia 10 de outubro, a Transalvador abordou 39.452 condutores na capital baiana. Nesse mesmo período, o órgão emitiu 3.807 autos de Lei Seca aos motoristas que apresentaram índice de até 0,29mg de álcool por litro de ar expelido (mg/L).

Também foram registrados 18 crimes de trânsito, que são aqueles casos com condutores que apresentaram índice igual ou superior a 0,30 mg/L.

Por lei, dirigir sob influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência é considerado infração gravíssima, o que implica em suspensão do direito de dirigir por 12 meses e multa, com valor multiplicado por dez – ou seja, R$ 2.937,70. O condutor que causar lesão grave ou gravíssima poderá ficar preso de dois a cinco anos.

Fonte:Correio



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