Cerca de 2 mil pessoas sofrem com a seca de lagoa onde morreram milhares de peixes na BA

Cerca na lagoa Itaparica, localizada no município de Xique-Xique, no oeste da Bahia, atinge cerca de duas mil pessoas que dependem da água da lagoa para sobreviver. O local se transformou em uma espécie de cemitério de peixes, após milhares deles morrerem por conta da falta de água, e muitos pescadores abandonaram a atividade.

“Tem uma quantidade de duas mil pessoas que recebem impacto, direto porque dependem da lagoa pra pesca, pra criação de animais e pequenas áreas agrícolas”, afirmou Roberto Rivelino, secretário de Meio Ambiente da cidade.

A lagoa Itaparica era alimentada pelas águas do Rio São Francisco e é maior da região. Agora, o que se vê no local é uma grande poça que tem apenas cerca de dez centímetros de profundidade. A estiagem na região também atinge as criações de gado.

“Se você descesse aí e não soubesse nadar morria, porque era fundo. E hoje em dia não, ela tá rasa, parece um prato”, relata dona Amarilda Campos, dona de casa e moradora antiga do local.

Há 6 meses não chove em Xique-Xique e a previsão é que só haja chuva na cidade em meados do mês de outubro. Conforme os moradores, essa é uma das piores secas já ocorridas na cidade. “Pra nós que somo filhos dessa terra, que nascemos às margens do Rio São Francisco, presenciar um cenário como esse é algo que parte o coração”, Marquileide Oliveira, professora.

Para as autoridades ambientais, a seca completa da lagoa parecia ser uma questão de tempo. Por duas vezes, pescadores e agentes do Ibama uniram forças e tiraram do local cerca de 50 mil peixes que foram soltos no rio São Francisco. Do que ficou na lagoa, a maioria se afogou na lama e morreu. Não há uma estimativa da quantidade de peixes mortos no local após a seca da lagoa.

“Nós pecamos, a prefeitura pecou, o Ibama, supletivamente aos dois, também pecou, mas tem tempo ainda de corrigir”, disse Wanderley Pinheiro, analista do Ibama.

A quase seis meses não chove na região da lagoa de Itaparica. Para o geólogo Railton Barbosa, as queimadas constantes em Xique-Xique contribuíram para a seca da lagoa. “Aqui no entorno da lagoa as queimadas são recorrentes, o desmatamento também, a extração de areia, a pesca predatória. Tudo isso contribui aqui para a seca da itaparica. Associado com a estiagem e a extração irregular de água do subsolo isso provoca a seca muito rápida”, disse.

Enquanto a chuva não chega, seu Gilberto, que é pescador, alimenta a esperança de voltar a ter a lagoa como fonte de renda. “A gente tem esperança que ela volte, né? A gente se cricou e estamos vivendo uma temporada dessa aqui ao redor dela. Quando ela seca assim é um sofrimento pra nós e pros bichos pra beber”, afirmou.

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*G1



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