Ilheús: Festival celebra sabor e produção do chocolate

Foto Divulgaçao

É em busca deste sabor especial e inigualável que muita gente vai visitar a partir de hoje o 10º Festival Internacional do Chocolate e Cacau, no Centro de Convenções de Ilhéus, no Sul da Bahia. Durante cinco dias, o evento vai reunir especialistas, empresários, produtores rurais, aficionados, curiosos, ou, simplesmente, gente que gosta e aprecia um bom chocolate. No aqui e agora, o cacau significa muito mais que um alimento. É um dos mais valiosos produtos agrícolas de exportação. Commodity para uma indústria em expansão, consolidada em concorridos centros comerciais do mundo e renda para pequenos, médios e grandes produtores rurais.

O cacau impulsiona até mesmo a industria do turismo, via livros de Jorge Amado e outros escritores que ambientaram suas narrativas em plantações baianas, divulgando os encantos da Bahia para todo o mundo, ultrapassando as Terras do Sem Fim.

Mais de 90% do cacau brasileiro é exportado. Uma produção gigantesca que faz do Brasil o 5° maior produtor do fruto do planeta, depois da Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões. Além de produzir cacau, a Bahia é responsável pelo beneficiamento e processamento de 95% das amêndoas produzidas no Brasil. As principais indústrias estão sediadas em Ilhéus.

Por isso, o Chocolat Festival promete ser também um espaço para debater os principais problemas da cadeia produtiva do cacau e as tendências de mercado para o chocolate. Segundo os organizadores, o festival vai reunir cerca de 120 expositores, mais de 70 marcas de chocolate e derivados do cacau. Ao longo dos cinco dias, serão realizados debates, rodadas de negócios, cursos de capacitação, cursos de gastronomia e palestras com especialistas brasileiros e estrangeiros. A organização do evento espera superar a marca de visitantes da última edição, quando 60 mil pessoas visitaram a feira.

“Este ano, a expectativa é de um incremento de visitantes para 70 mil pessoas. Quanto a estimativa de movimentação econômica, este é um festival com características de negócios de varejo, de médio e longo prazo. Acreditamos que seja possível movimentar ao longo dos cinco dias, entre 15 e 20 milhões de reais”, afirma Marcos Lessa, idealizador e coordenador do evento.

Debates

Até domingo vão ser realizadas ainda, simultaneamente, a Feira do Chocolate e o IV Fórum Brasileiro do Cacau. As discussões passam pelo futuro do cacau no Brasil, os entraves na comercialização e beneficiamento, e a intensificação do combate as pragas e doenças.

O ano de 2018 marca os 30 anos da chegada da vassoura de bruxa na região, mas a praga ainda é um fantasma vivíssimo que assombra o produtor. Não raras exceções, a produtividade de cacau na Bahia caiu vertiginosamente nas últimas décadas. De 45 arrobas por hectare, para uma média de 20 a 25 arrobas por hectare.

Além disso, como mostrado no CORREIO do dia 25 de junho, outra doença, a monilíase, está cada vez mais perto. O fungo monília arruinou plantações nos países onde chegou e está a 51 quilômetros da fronteira do Brasil com a Bolívia.

Diante de ameaças tão próximas, intensificar a proteção da cadeia produtiva se faz urgente. Assim como aumentar as pesquisas e inovações tecnológicas para fortalecer a produção agrícola. Mais recursos para a defesa agropecuária tem sido um apelo coletivo.

Impasse

Entre os temas que serão discutidos no festival estão as estratégias para aumentar a produção de cacau, conservando e preservando a floresta. A situação é de impasse. É que de acordo com alguns produtores, o sistema de cacau cabruca, antes beneficiado pela sombra das árvores mais altas, agora tem seu futuro ameaçado pela ausência de luz. O excesso de sombra, provocado pela mata extremamente fechada, não estaria permitindo a entrada mínima de sol e a consequente fotossíntese, essencial para a sobrevivência dos frutos. Sem luminosidade a planta não completa o ciclo natural e não produz.

Com uma lei ambiental que proíbe a retirada de qualquer essência das árvores da Mata Atlântica, para preservar o bioma, um embate foi erguido entre cacauicultores e ambientalistas. Os representantes do setor produtivo tentam encontrar uma solução diplomática. Mas não há unanimidade nas soluções.

Fonte Correio da Bahia

 



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