Ao vivo: ‘Não vi infração nos textos que li’, diz Moro ao Senado

Ao falar à Comissão de Constituição e Justiça ( CCJ ) do Senado sobre as conversas vazadas com o procurador Deltan Dallagnol , o ministro da Justiça,Sergio Moro , disse que suas mensagens são “completamente normais”, embora não possa reconhecer a autenticidade do material revelado pelo site “The Intercept Brasil”. O ex-juiz destacou que pode ter dito “algumas coisas” que foram divulgadas, mas que outras lhe causam “estranheza”.

— Não tenho mais essas mensagens no meu aparelho celular. Utilizei o Telegram em determinado período. Em 2017, acabei achando que aquele aplicativo de origem russa não era um veículo lá muito seguro. E saí do Telegram desde então. Não tenho essas mensagens para poder afirmar se aquilo é autêntico ou não — afirmou, acrescentando depois. — Tem algumas coisas que eu eventualmente possa ter dito. Tem algumas coisas que me causam estranheza. Essas mensagem podem ser total ou parcialmente adulterada.

No início da fala, Moro relembrou à comissão que sofreu um ataque a seu celular, mas, até o momento, não tem evidências de que o conteúdo do aparelho foi acessado. O ministro ressaltou que não tem mais registro das mensagens com Dallagnol em seu celular e reforçou que não pode comprovar a autenticidade do material do “Intercept”.

O ex-juiz criticou o que chamou de “ousadia” na obtenção das mensagens de procuradores e disse ter ficado “surpreendido pelo nível de vilania e baixeza dos responsáveis pelos ataques”.

— Não é um adolescente com espinhas na frente do computador, mas sim um grupo criminoso estruturado — destacou Moro. — A minha opinião, em particular, embora os fatos estejam sendo investigados, é de que existe um grupo criminoso por trás desses ataques. Afinal, há uma grande quantidade de pessoas que sofreram invasões ou tentativas de invasões, o que aponta para a possibilidade de não ser um hacker isolado.

Moro voltou a afirmar a normalidade das relações entre magistrados e partes, sobretudo, segundo ele, no direito criminal, já que o juiz fica responsável por julgar atos de investigação até a condenação ou a absolvição do acusado. Moro negou que houvesse qualquer conluio entre ele e o procurador Dallagnol e citou que absolveu cerca de 20% dos denunciados pelo Ministério Público na Lava-Jato.

— Não existe conluio nenhum. Existe divergência — apontou o ministro, que ressaltou não ver infrações nas mensagens que leu do “Intercept”, embora não possa confirmar a autenticidade delas.

O primeiro senador a questionar Moro foi Weverton Rocha (PDT). Ele lembrou que o ministro foi ao jogo de Flamengo e CSA, no estádio Mané Garrincha, e perguntou como ele se sentiria se o árbitro da partida combinasse de marcar um pênalti com um jogador. Moro disse que, mesmo se forem confirmadas, as mensagens com Dallagnol são “completamente normais”.

A audiência da CCJ no Senado, que estava prevista para começar às 9h, começou com dezoito minutos de atraso. O ministro teve 30 minutos de exposição inicial e depois passou a responder questionamentos dos parlamentares. Moro se antecipou à convocação da comissão e se dispôs a prestar esclarecimentos sobre as mensagens, cuja revelação considera criminosa. Na chegada, evitou a imprensa e se recolheu em uma sala de espera antes de entrar na CCJ, às 9h12.

https://www.youtube.com/watch?v=TxiyDF3gJg4

*OGlobo



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