Toxina encontrada em reservatórios de água pode agravar casos de microcefalia, diz estudo

Foto: Reprodução/TV Brasil

Uma toxina que é encontrada em reservatórios de água pode ter sido a responsável por aumentar os casos de zika e agravar os de microcefalia já registrados. Segundo dados disponibilizados pelo Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, entre os anos de 2014 a 2018, a bactéria saxitoxina (STX) foi encontrada em grande quantidade nos reservatórios do Nordeste.

Um estudo realizado pela Fiocruz, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Instituto D’Or (IDOR), mostrou que, quando atuam juntos, o vírus da zika e a toxina STX, causam a morte dos neurônios duas vezes mais rápido, agravando os casos e podendo resultar na microcefalia.

Segundo o obstetra Livius Ribas, em entrevista a reportagem, quando sozinha, a toxina não causa nenhum problema para a saúde. “As pessoas consomem a água sem nenhum problema, é uma bactéria comum, que dá aquela cor esverdeada na água dos reservatórios”, afirma.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), entre 30 de dezembro de 2018 e 27 de agosto deste ano houve um aumento de 68,6% dos casos de zika no estado. Contudo, apesar disso, os casos de microcefalia não cresceram no estado. De acordo com o Ribas, isto pode ser explicado por conta da imunidade desenvolvida pelas pessoas ao longo dos anos.

“Essa relação, apesar de ter mais casos de zika agora do que do mesmo período do ano passado e não ter a microcefalia, é um caso que intrigou inicialmente a comunidade científica. Um fator que pode explicar é a inserção de um vírus novo na população. Quando o Zika surgiu, lá em 2015, a gente não tinha nenhum traço de imunidade”, explica.

O estudo, que foi iniciado há pouco mais de um ano, ainda é preliminar e continua sendo realizado. Apesar de ser inicial, o obstetra informa que determinadas medidas podem impedir o consumo da toxina, a exemplo de melhor higienização dos reservatórios e proteção à luz, pois a bactéria depende da luz do sol para se desenvolver.

“Outra ação pode ser restringir o consumo da água à água mineral ou água filtrada em filtro de carvão ativado que teria o poder de eliminar essa toxina da água. Mas o estudo científico ainda é muito preliminar para fazer essa recomendação com base nele. A gente ainda não pode dizer que isso mudaria o desfecho da situação”, frisa.

Procurada, a Empresa Baiana de Água e Saneamentos (Embasa) informou que o controle da água é realizado periodicamente nos municípios onde atua e que atende “os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria de Consolidação N° 5, do Ministério da Saúde, inclusive no que diz respeito aos limites estabelecidos para cianobactérias e saxitoxinas”.

“Os relatórios com os resultados das análises físico-químicas feitas nos laboratórios da empresa atestam que a água tratada fornecida pela empresa não tem presença dessas toxinas fora dos limites determinados pelo Ministério da Saúde”, completa.

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