Moda: anéis de acrílico retornam aos dedos de diferentes gerações

Foto: reprodução

Se a Sandy já decretou que “o que é imortal não morre no final”, quem é Rayanne Dias para discordar. Longe de superar a infância e a adolescência vividas entre os anos 1990 e 2000 — e ela tampouco almeja deixar esse tempo para trás —, a estudante de Publicidade, de 25 anos, não para de revirar o baú de memórias para dar vida às criações de sua marca de acessórios, a Manalisa. A aposta da vez são os anéis de acrílico, que têm arrebatado admiradoras pela memória afetiva. “A minha mãe tinha vários, e eu via a Sandy usá-los em ‘Estrela-guia’, assim como as meninas do Rouge. Porém, quando os colocava, não paravam nos meus dedos”, recorda-se a jovem.

Para tirar o atraso, ela criou dois modelos diferentes, sendo um deles duplamente nostálgico pelo fato de ter como inspiração os Geloucos, miniaturas em forma de gelo criadas pela Coca-Cola nos anos 2000. “Fiz 80 unidades e vendi tudo em duas semanas”, comemora Rayanne, sobre o item que também reverbera uma onda mundial.

Basta passear pelas redes de celebridades como Dua Lipa e Bella Hadid para encontrar alguns anéis parecidos dando pinta em seus dedos. Por isso, a tendência entrou logo no radar da loja on-line Guriah, que garantiu um estoque para chamar de seu e passou a anunciá-lo com letras garrafais no site. “Muitas meninas disseram que já tinham procurado pela (Rua) Augusta inteira e não tinham encontrado”, conta o cofundador do negócio, Lucas Farina, de 25 anos, que também já havia identificado a moda no Pinterest.

A Labjur, de Juliana Haua, também entrou nesse “rolê”, embora o faça por um caminho mais artesanal. Ela criou uma linha em cerâmica com acabamento em verniz, mas que também tem um pezinho no passado. “Eu via muito os editoriais da revista Capricho e adorava a aquelas meninas japonesas coloridas (Harajuku girls)”, diz a criadora, de 31 anos, sobre a sua inspiração. Mas, segundo ela, os anéis têm um público vasto: “Vendo para mulheres de 13 a 60 anos”.

No caso das clientes sexagenárias, a nostalgia também não está descartada. Afinal, como lembra João Braga, professor de moda da Fundação Armando Alvares Penteado, em São Paulo, os verdadeiros autores dessa estética plástica já faziam e aconteciam muito antes de Sandy virar lenda. “Os acessórios de acrílico vêm da psicodelia dos anos 1970”, diz, lembrando que voltariam com força nos anos 1980, ancorados no new wave. “Na década de 1990, por sua vez, começamos a ter um monte de tribos, que misturavam de tudo.” Por falta de história essa tendência não morre.

*iBahia


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