Desvios na Bahia podem chegar a R$ 10 bilhões

O Ministério da Justiça identificou que cerca de R$ 38 bilhões podem ter sido desviados desde 2009, segundo balanço feito pelos mais de seis mil casos investigados pela Rede Nacional de Laboratórios Contra a Lavagem de Dinheiro (Rede-Lab) nestes sete anos. Na Bahia, a suspeita é que cerca de R$ 10 bilhões tenham sido desviados, desde 2010, quando foi implantado o Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro do Ministério Público estadual (MP-BA), que levantou os dados.

A conclusão foi apresentada nesta terça-feira, 2, durante o ‘I Encontro de Novos Laboratórios de Tecnologias contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD)’, workshop da Rede-Lab realizado na sede do MP-BA, em Nazaré.

A Rede-Lab é formada por 56 laboratórios implantados em todos os estados do país em órgãos de investigação, entre eles o MP-BA, e utiliza  alta tecnologia para a análise de dados financeiros, com o objetivo de auxiliar no combate à lavagem de dinheiro e, a partir disso, recuperar ativos desviados.

O coordenador da Rede-LAB, Leonardo Terra, pontua que as práticas para a lavagem de dinheiro são as mais variadas, e mudam conforme as investigações avançam. “Não tem nada mais criativo do que um criminoso. Eles vão criando novas tipologias a partir do momento em que outras são identificadas”, diz.

Terra afirma que não há dados consolidados sobre quanto foi recuperado. “O  Brasil como um todo tem uma grande deficiência em termos de estatística. Estamos nos  debruçando para melhorar nosso sistema nesse sentido”, afirma.

“Técnicas sofisticadas”

O promotor de Justiça Antônio Villas Boas Neto, coordenador do Lab-LD do MP baiano, diz  que os criminosos utilizam “técnicas sofisticadas” para fazer com que o “dinheiro sujo” fique  “limpo”.

Ele citou o caso investigado pelo MP-BA de Santo Amaro, onde um esquema de  desvios e lavagem de dinheiro por meio de fraudes em licitações, envolvendo agentes públicos e  privados, foi desarticulado. A técnica utilizada pelos autores dos desvios consistia no favorecimento a determinado grupo de empresas, que não realizava as obras e serviços públicos.

“Toda vez que conseguimos compreender, ele  encontra outra maneira. No crime organizado, por exemplo, a lavagem é no varejo, o dinheiro vai sendo distribuído em pequenas contas. No caso de Santo Amaro, com somas vultosas, você consegue ter uma percepção mais clara”, diz.

*A Tarde



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