Bahia registra 70 doadores de órgãos no primeiro semestre

A resistência familiar ainda é o principal empecilho para que a doação de órgãos avance na Bahia. No primeiro semestre deste ano, foram efetivadas 70 doações de órgãos e 211 de córneas, de acordo com o Registro Bahiano de Transplantes. O número poderia ser maior, já que houve 275 notificações de morte encefálica em pelo menos 42 unidades de saúde. Destas, 100 famílias foram contrárias ao procedimento, de acordo com o documento.

Caso houvesse sucesso em todas as notificações, haveria entrave no transporte dos órgãos – já que não existe no país um sistema de logística dedicado exclusivamente para estas missões. Aviões da Polícia Militar da Bahia e Casa Militar foram usados para atender 23 missões de captação de órgãos.

Na Bahia, foram realizados 127 transplantes de rim de doador sem vida, 17 de fígado e 5 de rim de paciente intervivo. Também foi transplantada pele humana a dois pacientes. Outros 157 receberam córneas. No Estado, a maior demanda é por rim. Há na fila 698 pessoas à espera do órgão. Outros 10 aguardam ser beneficiados com fígado.

De acordo com dados da secretaria de Saúde da Bahia, até julho deste ano havia 567 pessoas à espera de transplante de córneas. No mesmo período, 143 familiares negaram a retirada do tecido, um procedimento simples e que não traz nenhum prejuízo estético ao cadáver. Outros 515 familiares estavam ausentes no momento de decisão. De 3841 notificações, apenas 211 foram efetivadas.

Em nível nacional, segundo informações do Ministério da Saúde, em 2019 foram realizados 27.688 transplantes no Brasil, sendo que, de janeiro a abril, foram 2.871 procedimentos. Já em 2020, também no primeiro quadrimestre (janeiro a abril), foram realizados no SUS 2.780 transplantes no país.

O Ministério da Saúde informa que, com a pandemia, houve impacto em toda a cadeia de assistência à saúde. “Os estados e municípios precisaram de estrutura, recursos humanos e insumos para atendimento aos pacientes com Covid-19. Com isso, houve redução nos números procedimentos, que seguiu o que observado em países da Europa acometidos antes do Brasil.”, registra.
Logística

Neste ano, foram utilizadas aeronaves militares para captações na Bahia em pelo menos 24 solicitações deste tipo no Estado, sendo uma realizada pela FAB. Apesar de as unidades locais prestarem um serviço valioso, especialistas defendem que é preciso implantar um sistema de transporte de apoio para atender às demandas com agilidade e eficiência.

De acordo com o coordenador aeromédico da Brasil Vida Táxi Aéreo, Ramon Mesquita, as operações precisam ser ágeis para assegurar que os órgãos cheguem intactos ao destino. “Todo órgão possui um tempo máximo de vida fora do corpo, o chamado tempo de preservação. Por isso, é tão importante que haja uma equipe preparada para atuar nestes casos com agilidade, segurança e cobertura em todas as áreas do Brasil”, afirma o colaborador da Brasil Vida Táxi Aéreo, empresa aeromédica que atua no transporte aéreo de órgãos e tecidos.

“É uma operação complexa porque é necessário garantir que as equipes médicas cheguem em tempo para a captação e, em seguida, que o transporte dos órgãos seja ágil e chegue intacto aonde estão os pacientes com compatibilidade”, explica o profissional.

Atualmente, o transporte de órgãos é realizado por aviões militares da Forças Aéreas Brasileiras (FAB). De acordo com o órgão, a FAB mantém, permanentemente disponível, no mínimo, uma aeronave que servirá exclusivamente ao Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipes (TOTEQ), conforme preconiza o Decreto nº 9175, de 18 de outubro de 2017.

Em 2020, até o dia 22 de julho, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou 111 missões de TOTEQ, totalizando 147 órgãos transportados. Em todo o ano de 2019, foram realizadas 163 missões, totalizando 167 órgãos ou tecidos transportados em todo o Brasil.
Fonte: Secom/ Sesab/Gov.Ba


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