‘Vou me agarrar aos meus netos’, diz mãe de brasileiras mortas no Japão

Com o assassinato das filhas no Japão em dezembro de 2015, Maria Aparecida Amarilha Scardin Maruyama disse ao G1, nesta segunda-feira (21), que busca força nos netos e nas lembranças, como uma bíblia e bijuterias encontradas no apartamento onde Michele e Akemy foram mortas. A mãe já convivia com luto pela morte do filho mais velho em 2010.

“Não posso me revoltar contra Deus. Vou me agarrar aos meus netos e vou tentar viver bem, já que escolhi viver. Minha luta agora vai ser conseguir a guarda das minhas netas. Vou voltar para buscá-las e vou descer aqui com elas. Tenho isso bem tangente na minha vida”, afirmou Maria aodesembarcar em Campo Grande nesta segunda-feira.montagem_irmas_japao

As meninas de 3 e 5 anos são filhas de Akemy e do suspeito do crime, um peruano que é ex-marido de Akemy e está preso. As crianças estão em um abrigo japonês.

Maria embarcou para o país asiático para tentar a guarda das netas, que são brasileiras, mas voltou sem conseguir. Ela reclama que não foi autorizada a ver as meninas no abrigo japonês, mas garante que vai lutar pela guarda delas.

A intenção é seguir os trâmites brasileiros para pedir a guarda. Caso não dê certo, Maria diz que vai recorrer à Organização das Nações Unidas (ONU).

“Minha aceitação está nula. Meu sentimento é de total impotência. Se fosse no Brasil elas [netas] já estariam comigo. Abrigo não é lugar de criança, o lugar é a família e eu sou a família delas”, ressaltou. Akemy teve outra filha, que atualmente tem 12 anos e mora com o pai em Campo Grande. A menina recebeu a avó no aeroporto nesta manhã.

Maria tem cinco netos. O filho primogênito morreu em 2010, aos 27 anos, e deixou dois filhos, atualmente com 11 e 13 anos. Michele morreu com 29 anos e não teve filhos. A caçula Akemy morreu com a mesma idade do irmão e deixou as três filhas, de 3, 5 e 12 anos. A neta de 12 anos teria sido agredida pelo peruano em 2014 e foi trazida para o Brasil.

Cinzas
Durante os três meses em que esteve no Japão, Maria acompanhou de perto as investigações sobre o assassinato das filhas e cremou os corpos. Ela trouxe as cinzas de Michele e Akemy em duas urnas e disse que quer guardar os restos das filhas ao lado do túmulo do filho, que morreu aos 27 anos.

“As pessoas podem até esquecer, a única que não vai esquecer sou eu, infelizmente. Eu gostaria de virar uma página na minha mente, mas não tem um dia sequer que eu não lembro dos meus filhos”, lamentou.

Incêndio criminoso
Michele e Akemy eram campo-grandenses e foram encontradas mortas no apartamento onde moravam em Handa, província de Aichi ken, depois que os bombeiros foram chamados para um incêndio, no dia 31 de dezembro. Os corpos estavam carbonizados e tinham sinais de estrangulamento, segundo a imprensa local.

A primeira a ser identificada foi Akemy. Já Michelle demorou alguns dias porque o governo não tinha informações de que ela residia com a irmã. O suspeito do crime é um peruano, ex-marido de Akemy, e está preso.

A polícia acredita que, depois de matar as duas mulheres, o autor do crime espalhou o combustível para atear fogo no apartamento e eliminar possíveis vestígios.

Maria Aparecida lembrou que o peruano tinha comportamento agressivo e chegou a agredir outra neta em 2014, filha de Akemy. A criança, na época, com 9 anos, foi tirada da guarda da mãe e levada para o abrigo até ser trazida pela avó para o Brasil, onde hoje mora com o pai.

Os corpos das brasileiras foram cremados no dia 31 de janeiro, no crematório de Handa. A cerimônia de cremação foi realizada exatamente um mês depois que os corpos foram encontrados.

A mãe de Akemi diz que a filha foi casada seis anos com o peruano, com quem teve as duas meninas mais novas, mas estava separada havia três meses. Ela também contou que o ex-companheiro fazia ameaças, mas a filha não acreditava que ele seria capaz de cumpri-las.

*G1



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