Eduardo Cunha se diz ‘injustiçado’ pelo STF

Durante seu depoimento no Conselho de Ética, nesta quinta-feira (19), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que se sente “injustiçado” pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e sugeriu que a decisão do seu afastamento possui algum “tipo de objetivo oculto”.

De acordo com o parlamentar, a Constituição prevê que a única medida cautelar possível contra um parlamentar é a prisão em flagrante. “É obvio que foi uma decisão construída para ter algum tipo de objetivo, que com o tempo se saberá qual é”, alfinetou o parlamentar, ao pontuar que o próprio STF considerou a decisão “excepcionalíssima”.

O peemedebista também considerou “estranha a celeridade e a seletividade das investigações contra ele”, ao comparar a sua situação com a do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, cuja denúncia está em andamento há três anos.

Em resposta, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirmou que o processo de Cunha é o mais longo da Câmara e ele ainda estranha a celeridade das investigações.  “Diz que não houve manobra [para atrasar o processo]. O procurador-geral da República [Rodrigo Janot] elencou uma série de manobras que foram reconhecidas pelo ministro Teori [Zavascki] e confirmadas no afastamento dele também por 11 a zero”, apontou Molon.

Em quase sete horas de depoimento, Cunha também disse não ter indicado “um alfinete” para compor o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB-SP). “Se achar que devo fazer gestão por quem quer que seja, eu faria, mas não o fiz. Não tem um alfinete nesse governo indicado por Eduardo Cunha”, afirmou. Cunha foi chamado de ‘moleque’ pelo deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

A sessão foi interrompida em alguns momentos por bate-bocas entre deputados aliados ao peemedebista e os que defendem a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

Questionado pelo relator, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), sobre qual seria a vantagem de ser beneficiário de um truste na Suíça, o presidente afastado foi enfático: “nenhuma”. Disse que não lhe cabe justificar o motivo de ter enviado o dinheiro, e sim deixar claro que não possui conta bancária no exterior, como alegam PSOL e Rede na representação.

Perto do término da sessão, outros questionamentos de Rogério ficaram sem resposta. Cunha, que disse ser “beneficiário de um truste” diversas vezes, não quis explicar o conceito da palavra em português. Sobre o cartão de crédito utilizado pela sua esposa, Cláudia Cruz, Cunha disse que não era titular da conta e que não iria se manifestar. Por pelo menos quatro vezes, o relator perguntou se a conta da sua mulher era da Suíça e Cunha respondeu que “era de sua esposa” e que ela não é deputada para ser investigada no Conselho.(Bahia.Ba)



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