Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça recomenda a alienação dos bens mesmo antes do trânsito em julgado para preservar o valor atual.
Mas, segundo integrantes do Ministério da Justiça, as questões relacionadas à alienação dos bens “passam batidas” pelos juízes e pelo Ministério Público. No decorrer da ação penal, avaliam esses integrantes, os pedidos e a concessão da alienação de bens costumam ficar em segundo plano.
Esses bens são frutos de diversas ações policiais. Na maior parte, são operações realizadas pelas polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal que resultam em apreensões ligadas a drogas em rodovias, em que os veículos, celulares e outros itens são apreendidos.
Após as apreensões, a Justiça pode dar dois destinos para os bens: a utilização deles pelos órgãos de segurança, na repressão e prevenção ao uso de drogas, ou a alienação.
Estoque de bens apreendidos
De acordo com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, há quase 80 mil bens apreendidos em operações relacionadas ao tráfico de drogas em todo o país.
Ainda conforme o órgão, aproximadamente 30 mil bens já têm sentença em trânsito em julgado – quando não cabe mais recurso – e estão prontos para leilão.
Total de bens apreendidos (77.251);
- 37.518 veículos;
- 916 imóveis;
- 314 aeronaves;
- 246 embarcações;
- 1.608 joias;
- 36.649 bens diversos.
Bens apreendidos prontos para leilão (29.429);
- 9.970 veículos;
- 459 imóveis;
- 25 aeronaves;
- 18.975 bens diversos.
Discursos
Primeiro a discursar na cerimônia, o ministro Sérgio Moro afirmou que a medida provisória editada por Bolsonaro é “bastante simples”, mas “bastante relevante e urgente”. Isso porque, segundo o ministro, o estoque de bens apreendidos era alto, mas o ministério não tinha capacidade de realizar a venda “em tempo hábil”.
“Se o tráfico de drogas é tão lucrativo, temos que aproveitar melhor os recursos”, destacou o ministro.
De acordo com Moro, os valores relativos aos bens apreendidos poderão ser usados na política de prevenção, em campanhas e no atendimento a dependentes químicos, por exemplo. Segundo o ministro, a utilização dos recursos não dependerá do chamado trânsito em julgado, ou seja, quando o processo terminar na Justiça não couber mais recursos.
Ainda segundo Moro, por meio da MP, o Ministério da Justiça poderá contratar engenheiros responsáveis pela elaboração de projetos de construção e reforma de presídios.
“Nós precisamos de melhores presídios. Um presídio mais bem estruturado acaba sendo uma estrutura apta a diminuir o poder das facções criminosas sobre a população carcerária. Com um presídio adequado, podemos conseguir fazer com que os presos trabalhem, se afastem das facções criminosas, facilitando a reabilitação e tendo condições mais humanas nos presídio”, afirmou.
Em seguida, Bolsonaro discursou. Disse que a medida provisória dará “munição” a Moro para que o governo possa garantir os recursos necessários para combater o crime organizado.
Ao se dirigir ao ministro da Justiça, afirmou que Moro é motivo de “honra, satisfação e orgulho” não só para ele, mas, sim, para “todos os brasileiros de bem”.
Bolsonaro afirmou também que o ministro é um “símbolo” daqueles que querem “mudar o país”.
*G1