Avó cria canal na pandemia para contar histórias para os netos

Os livros sempre foram ponte de conexão entre Sany Rios e os netos. A pedagoga, que tem o hábito de ler para os pequenos Lucca e Clara desde quando estavam na barriga da mãe, viu a atividade ser interrompida com o isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus. Para driblar a distância física, Sany resolveu gravar vídeos contando as histórias infantis e publicá-los em um canal no YouTube criado por ela.

A ideia surgiu quando o neto, que mora em Fortaleza com os pais, reclamou que sentia falta das leituras da avó. “Em uma chamada de vídeo, ele chorou querendo que eu contasse histórias para eles. Nós já estávamos há algumas semanas sem contato físico”, contou. A brincadeira pelas vídeo-chamadas e pelas curtas gravações da avó não foram suficientes. Os vídeos também começaram a ser pedidos pelo sobrinho de Sany e pelos pais dos coleguinhas das crianças.

“Foi ganhando uma dimensão que eu não imaginava, as mães começaram a compartilhar nos grupos das escolas. Então, decidi colocar no YouTube porque preserva a qualidade e tenho mais liberdade quanto ao tempo”, explica.

O canal do YouTube, que leva o nome da pedagoga, foi a forma como Sany encontrou de promover entretenimento para outras crianças, além de poder contar histórias mais longas. As gravações, que têm como cenário o quintal do sítio da pedagoga em Cascavel, são feitas de forma simples: não passam por edição, feitos com um celular, acoplado em um tripé. A ideia da pedagoga é tornar a experiência a mais natural possível.

“Acredito que não há nenhum outro gênero tão bom para formar um leitor como a literatura, o texto literário é artístico, tem nas suas entrelinhas uma riqueza de possibilidades muito ampla”, ressalta Sany.
Autores como Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Sylvia Orthof, Elvira Drummond e produções autorais fazem parte do acervo da professora, como ‘Solzinho e a surpreendente missão do menino-árvore”, escrito por ela em parceria com Míria Espíndola .

‘’É uma forma de manter as crianças concentradas enquanto os pais estão em home office, por exemplo”, diz a pedagoga. Na plataforma, Sany reúne 296 inscritos com pouco mais de duas semanas do primeiro vídeo publicado. Ela conta que publica duas histórias por semana. A ideia do canal tem agradado tanto os netos e a própria Sany, que ela já decidiu continuar produzindo os conteúdos após o fim do período de isolamento social.

Outro objetivo de Sany é mostrar que ler é divertido. “O livro é um objeto mágico, é um brinquedo. Acredito que os pais simpatizam muito com minha ideia por ser, de uma forma ou de outra, um incentivo à leitura”.

Promovendo a relação afetiva com os netos, a ‘brincadeira’ de Sany também pretende desenvolver o elo entre pais e filhos. “Quando o pai se propõe a estar junto é um gatilho para várias conversas e brincadeiras. A ideia é que eles acompanhem, mas também contem e recontem as próprias histórias”, revela.

*G1



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