Dólar em alta, Ibovespa em queda; entenda

Foto: pixabay

O dólar voltou a operar acima do patamar de R$ 5. O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, renovou as sinalizações de que deve manter os juros do país elevados por mais tempo, sendo que as taxas já estão nos maiores patamares em 22 anos. O Fed trava uma longa batalha contra a inflação americana, que está em 3,7% na janela de 12 meses — acima da meta da instituição, de 2%. Além disso, o mercado de trabalho dos EUA continua aquecido, gerando sucessivamente mais vagas do que as projeções apontam. É um cenário que coloca mais dinheiro na mão da população e renova a pressão nos preços. O reforço de que os juros (no mínimo) permanecerão na faixa de 5,25% e 5,50% ao ano fez os analistas recalcularem rota.

O resultado: os títulos públicos americanos se valorizaram, atraíram o fluxo de investimentos e, por consequência, a moeda norte-americana ganhou força contra as demais.

Em relação ao real, o dólar já subiu quase 5% em um mês. Comparado ao menor patamar deste ano, em 26 de julho, a valorização é de 9%. Hoje, a moeda americana passou dos R$ 5,20, assim que foram divulgados dados de emprego nos EUA acima do esperado.

O clima de possível recessão à frente, causada pelos juros altos, renovou a aversão ao risco. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também sofreu. O indicador caiu mais de 3% em um mês. Desde sua máxima no ano, também em julho, já despencou mais de 7%.

Ruim para o Brasil

O dólar ficou abaixo dos R$ 5 por quatros meses, enquanto o Ibovespa viveu um bom período de valorização, chegando aos 122 mil pontos. Desde o ano passado, o Fed vem promovendo uma série de aumentos em suas taxas básicas de juros, um movimento que estava mapeado pelo mercado. A inflação americana saiu da casa dos 9% em 12 meses para os 3%, mas segue persistente e acima da meta.

O Fed foi cauteloso no processo, mas as últimas medições de dados econômicos dos EUA fizeram com que a diretoria engrossasse o discurso. Além de indicar que não estava satisfeito com a persistência dos preços, o órgão não descartou novas altas de juros para os próximos meses.

O futuro ainda nebuloso movimentou o fluxo de investimentos para ativos mais seguros, derrubando as bolsas no mundo inteiro. Os títulos do Tesouro americano, chamados de Treasuries, que entregam boa rentabilidade e segurança, acabaram sendo os preferidos, uma vez que a rentabilidade dos papéis de 10 anos foram para os maiores patamares em 15 anos.

Por que o mercado está olhando tanto para os juros americanos?

Os títulos públicos dos Estados Unidos em bom patamar de rentabilidade sempre saem favorecidos em momentos de maior incerteza econômica. E, desde o último ano, os juros americanos saíram de um patamar próximo de zero para as maiores taxas em cerca de duas décadas.

Para Charbel Zaib, economista-chefe da Arcani Investimentos, a renovação das incertezas econômicas moveu a projeção de um corte nos juros americanos para perto do segundo semestre de 2024. E como esse não era o cenário que estava no radar no começo do ano, há uma mudança no fluxo de investimentos.

De acordo com Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, no início de 2023, o mercado acreditava que o Fed não precisaria manter as taxas elevadas por tanto tempo, porque logo teriam o efeito desejado no controle da inflação. E também não foi isso o que aconteceu.

Como diz o analista de investimentos Vitor Miziara, o problema, é que, quanto mais tempo uma economia fica com os juros elevados, maiores são as chances de que seja atingida por uma recessão econômica, já que as taxas altas levam a uma redução no consumo da população e nos investimentos das empresas.



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