Saída de dólares do Brasil é a maior em 38 anos

Em um ano marcado por sucessivos recordes na cotação do dólar, a retirada de dólares da economia brasileira superou o ingresso de divisas em US$ 44,768 bilhões. Os números de 2019 foram divulgados nesta quarta-feira (8) pelo Banco Central.  Essa é a maior fuga de divisas do país desde o início da série histórica da instituição, em 1982, ou seja, em 38 anos. Até então, a maior saída havia sido registrada em 1999, quando US$ 16,18 bilhões deixaram a economia brasileira.

Naquele ano, o governo Fernando Henrique Cardoso abandonou a política de bandas cambiais, instituindo a livre flutuação cambial (com intervenções para corrigir “distorções” de mercado), acompanhada por objetivos para contas públicas e pelo regime de metas para inflação – o chamado “tripé macroeconômico”, que vigora até os dias atuais.

A entrada de dólares se dá quando investidores enviam dinheiro ao Brasil para pagar por compra de produtos brasileiros ou para realizar aplicações financeiras e investimentos em empresas, por exemplo.

O dólar sai quando esses investidores retiram recursos do Brasil para, normalmente, aplicar em outros países, ou para pagar pelas importações realizadas. Essas operações ocorrem por meio de remessas feitas por bancos contratados por esses investidores.

Os números do BC mostram que, no ano passado, os dólares saíram por contas de operações financeiras, que envolvem investimentos estrangeiros diretos, recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos (parcelas dos lucros) e empréstimos tomados no exterior, entre outros.

Investidores retiraram US$ 62,244 bilhões da economia brasileira em 2019 por meio de transações financeiras. Somente da bolsa de valores, os investidores estrangeiros retiraram R$ 44,5 bilhões em 2019 – o maior volume de toda a série histórica divulgada pela B3, iniciada em 2004.  Em todo o ano passado, as operações da balança comercial (fechamento de câmbio para exportações e importações) resultaram no ingresso de US$ 17,475 bilhões no país.  Em tese, a saída de dólares favorece a valorização da moeda norte-americana em relação ao real. Isso porque, teoricamente, com menos dólares no mercado, seu preço tende a subir.

No ano passado, a moeda norte-americana bateu sucessivos recordes de alta, chegando ao pico de R$ 4,25. Entretanto, recuou no fim do ano, fechando 2019 com um crescimento mais modesto, da ordem de 3,5%, cotada em R$ 4,0098.



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