Motorista pode gastar até R$ 2 mil com gasolina

Encher o tanque virou um pesadelo para os motoristas com os aumentos sucessivos na gasosa. Ficar de olho no consumo do carro é importante para amenizar o sofrimento no bolso
Divulgação/Agência Brasil

Ir até um posto de combustível se tornou uma espécie de roleta-russa para quem tem um veículo: todo dia é um susto diferente. Não é para menos: na Bahia, já foram onze reajustes no preço da gasolina desde o começo do ano. Em maio de 2021, o condutor pagava por volta de R$ 6 no litro; hoje, alguns bairros de Salvador já registram bombas acima dos R$ 8. A Acelen, empresa integrante do fundo árabe de investimentos Mubadala e atual controladora da Refinaria Mataripe, atribui essas mudanças de preço ao Preço de Paridade de Importação (PPI), que contempla um conjunto de fatores envolvendo o câmbio e a cotação do barril de petróleo Brent (cru), que é comprado em dólar. Além disso, o panorama da guerra na Ucrânia contribuiria para a disparada dos valores. Já o Sindicombustíveis-BA, que representa os postos de combustíveis, disse que‘não interfere nos preços’.

Contudo, o consumidor recebe seu suado salário em real – e a porcentagem de seus proventos comprometida com o abastecimento é muito, muito real. Para ajudar o consumidor a colocar na ponta do lápis quanto do seu dinheiro está evaporando, a Tribuna da Bahia calculou quanto custa se deslocar pelos trajetos mais realizados pela cidade. A reportagem usou como base um veículo que consegue fazer 13,3 km por litro e o valor da gasolina por R$ 7,99, gerando um consumo de R$ 0,60 por quilômetro rodado. Assim, um morador do centro de Lauro de Freitas que trabalha no Iguatemi gasta R$ 566,40 por mês numa jornada de cinco dias por semana, ida e volta. Quem mora em Itapuã e estuda no Comércio desembolsa mensalmente R$ 648 nas mesmas condições.

Patrick dos Santos, que mora em Lauro e vende camarão diariamente em Água de Meninos, já perdeu as contas de quanto gastou em combustível. “Já não basta o estresse de pegar estrada pra lá, ainda tenho que passar raiva no posto com um preço diferente a cada semana”. Para ele, a situação fica ainda mais delicada: ele tem um utilitário que faz 9,4 km/L (R$ 1,14 a cada quilômetro). Assim, a viagem diária de 60 km considerando ida e volta dá nada menos do que R$ 1983 ao mês. Com isso, ele não descarta a possibilidade de repassar o camarão a um preço mais alto; hoje, o quilo do fruto do mar sai por R$ 27. “Eu tenho segurado um pouco o preço, porque eu sei que a situação tá complicada pra todo mundo. Só que com essa gasolina cara dessa maneira, fica difícil. Daqui a pouco vou no posto e tá por R$ 10”, brincou.

Andando mais um pouco até a Feira de São Joaquim, a reportagem encontrou Thiago Santana, morador de Cajazeiras 10 e que tem um pequeno box de salgados a preço único (R$ 2). Ele acorda às 3h40 e percorre quase 21 km de segunda a sábado para garantir o lanche dos feirantes e passantes do mercado ao ar livre. Como consegue segurar o preço? “Ajustando o cardápio. Tem coisas que eu trazia muito pra vender, como quibe, e hoje nem sempre dá pra trazer, com o preço da carne. Felizmente, eu compro ‘em grosso’ (atacado) e já barateia um pouco. Mas, que tá cara essa gasolina, tá”, contou o salgadeiro. Ao todo, Thiago desembolsa em torno de R$ 650 mensais para se deslocar até a Feira.

Assim, uma das dicas mais valiosas para aplacar o impacto do combustível no orçamento é prestar atenção no consumo do modelo do carro antes de comprar ou trocar: alguns são mais ‘beberrões’ do que outros, principalmente os mais antigos. A versão 2018 do utilitário Doblo (Fiat), muito usado para fazer carreto, consegue fazer 9,1 km por litro de gasolina; já a versão 2010 tem uma eficiência menor, de 8,4 km/L. Outras dicas dadas por consultores automotivos são relacionadas ao uso diário do veículo: fazer a troca de marcha de acordo com a necessidade, evitar o excesso de peso no porta-malas, desligar o motor quando for parar em algum lugar (como um drive-thru ou no momento de deixar alguém), e não usar o freio ou o acelerador de forma brusca.

ALTERNATIVAS

Diante de tanto sobe-sobe da gasolina, muita gente tem dado o braço a torcer e migrado para outras alternativas de consumo, como o Gás Natural Veicular (GNV). No entanto, vale a pena fazer a conversão? Mais uma vez, o consumidor deve ser realista e avaliar como tem feito uso do carro. “O principal fator para essa decisão é saber quanto se espera rodar, em média. Se for usar para trabalhar, como motorista de aplicativo e táxi, por exemplo, o custo do investimento no kit gás acaba se pagando em poucos meses. Para quem roda muito, o investimento é compensado em menos de um semestre”, explicou o professor de Economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Caio Ferrari. Contudo, para quem precisa de todo o espaço do porta-malas ou usa o carro esporadicamente, melhor seguir com a gasolina.

De acordo com um levantamento do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA, a adesão explodiu: no ano passado, 16,3 mil motoristas instalaram o kit gás, que custa entre R$ 4 mil e R$ 5 mil. Mesmo com o GNV sofrendo três reajustes neste ano, sendo o último em abril, muita gente ainda acha que vale a pena converter. É o caso de Edmilson Menezes, que instalou o kit em 2020 e garante que foi a melhor decisão que já tomou: “Não me arrependo. Eu, que costumo fazer carreto em supermercado além do uso pessoal, já consegui ter o dinheiro de volta. Acho o valor melhor que o da gasolina, e até o rendimento me deixa satisfeito, pra quem roda bastante”, afirmou. Em Salvador, os postos pesquisados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços do gás natural variaram entre R$ 4,49 e R$ 5,30 o metro cúbico.

 

Fonte: TRBN

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