‘Brasil não tem peso para discutir um cessar-fogo na Ucrânia”, diz Aloysio Nunes

Foto: reprodução

Apesar da proposta de paz apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar sendo analisada pela Rússia, o Brasil não tem peso diplomático para discutir um cessar-fogo na Ucrânia. É o que afirma o ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes, em entrevista ao site da Jovem Pan.

“O Brasil é um país grande, forte e tem muita coisa a dizer em relação a muitos temas, que, inclusive, não haverá solução eficaz e duradoura sem a participação dele, mas ele não tem peso para chegar e falar: ‘Vamos sentar aqui na mesa, conversar e parar com a guerra’”, resume Nunes, quadro histórico do PSDB.

O país tem uma posição pacifista e já participou de muitas missões de paz nas Nações Unidas e sempre teve uma posição moderada e de equilíbrio, mas no que diz respeito ao conflito no Leste Europeu, que completou um ano no dia 24 de fevereiro, quem tem envergadura diplomática para elaborar uma negociação são os Estados Unidos, a China e a Europa.

“Eles podem levar a Rússia para a negociação e dizer para Volodymyr Zelenksy e a Ucrânia que eles não vão ganhar a guerra e recuperar a Crimeia”, diz o ex-chanceler, enfatizando que o conflito na Ucrânia já chegou a tal grau de perturbação, tensão e ameaça de guerra em outras partes mundo, que há um interesse geral de muitas nações para haver uma negociação, única forma de resolver esse problema. “A Rússia não pode ganhar e não pode perder. Ela é a maior potência nuclear do mundo, em matéria de ogivas”.

Além da ideia apresentado por Lula, dias antes do conflito completar um ano, a China apresentou uma proposta de 12 pontos para uma “solução política”, na qual faz um apelo por diálogo, alerta que armas nucleares não devem ser usadas e pede que os civis não sejam atacados. Contudo, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, expressou ceticismo com o plano.

O ex-chanceler admite que a guerra vive um momento de impasse: “Putin não vai ganhar no sentido de que vai invadir a Ucrânia, porque haveria uma escalada de tensão muito grande que pode nos levar a uma nova guerra mundial”. O impasse é tão grande, diz o tucano, que “o front [de batalha] está basicamente congelado”. “A guerra não vai para frente nem para trás”, resume.

Apesar da indefinição, o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil afirma que a comunidade internacional precisa se mobilizar na busca de uma solução.

“É preciso encontrar uma saída, porque a própria existência da humanidade começa a ficar ameaçada no momento em que a Rússia se retira de um mecanismo de controle de proliferação nuclear, algo importante para restabelecimento da paz mundial”, fala Nunes. “Essas coisas estão levando a situação de muito perigo”, conclui.



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