Praça Renato Machado, um lugar que guarda parte da história da cidade de Santo Antônio de Jesus

“Toda praça precisa ter um significado cultural para a cidade e para a sua população, para além da beleza estética, é muito importante que haja sensibilidade dos elaboradores do projeto da praça em busca na participação da população e na história da cidade, aspectos que possam ser representados nos espaços de convívio. ” Ramon Andrade de Souza

A Praça Renato Machado, cartão postal da cidade de Santo Antônio de jesus, possui um jeitinho bucólico de praças do interior, com seus bancos de madeira espalhados entre árvores e um coreto bem no centro completa o cenário. Ao longo dos anos, esse espaço foi reformado e nunca perdeu esse seu encanto, embora seu passado traz uma história curiosa.

Logo no início, quando as primeiras ruas da cidade estavam se formando em torno da Praça Padre Mateus, surgiu então, o primeiro cemitério da Capela-arraial, localizado quase em frente a atual Comercial São Luis. O Campo Santo, usava talvez todo o espaço ocupado hoje, parte pelos prédios da Travessa 15 de Novembro e a atual Praça Renato Machado. O cemitério foi desativado em 1891, ano em que o governo estadual elevou Santo Antônio de Jesus a categoria de cidade que outrora pertencia a Nazaré.

Primeiramente a praça se chamava de Praça da Edificadora, por influência de uma empresa comercial instalada na parte lateral direita da mesma, depois Praça do Rio Branco que inspirou o nome do atual Supermercado Rio Branco localizado em frente. Em 2008 quando foi reformada, recebeu o nome de Praça Renato Machado, homenageando um dos políticos mais influentes da cidade.

Podemos afirmar que é um espaço importante na configuração da cidade, pois, encontra-se numa avenida principal e entre empreendimentos comerciais de grande importância no cenário econômico da cidade como: supermercados, restaurantes, lojas e outros. Além disso, a sua localização bem no centro, proporciona o local do encontro, seja dos festejos, acontecimentos de feiras artesanais, grupos de jovens, estudantes e passagem dos pedestres. O movimento é notado mais à tarde a partir das cinco horas, devido ao horário de pico no centro, quando as pessoas saem do trabalho e das escolas, e mais tarde, o fluxo intensifica por conta dos restaurantes e faculdade que nos intervalos os alunos se reúnem.

Por outro lado, ultimamente a praça vem passando por uma situação desagradável e tem preocupado os comerciantes e frequentadores que diariamente passam por ela. A falta de segurança, a falta de uma iluminação apropriada e fiscalização são sinais do descaso do poder público frente a este patrimônio histórico do município. Neste sentido e acreditando na ideia de que toda praça precisa ter um significado cultural para a cidade e para a sua população, como vimos no início da matéria, é valido destacar que os problemas identificados hoje na praça extrapolam questões materiais ou de infraestrutura. Os moradores de rua que nela se abrigam, precisam também de uma atenção especial no que se refere a garantia de direitos sociais básicos, tais como, saúde, abrigo e educação.

Em entrevista com algumas pessoas, notamos uma acentuada preocupação quanto aos indivíduos que nela buscam abrigo. “É triste ver um local como esse ficar assim, a sensação que temos é que o poder público não se importa. Eu como empresário, tentei fazer a minha parte cuidando da praça, mas infelizmente não tive como continuar, pois, chegaram muitas pessoas originadas até de outras cidades. Por mais que a gente tente organizar fica impossível. Até fezes humanas encontramos. Espero que o poder público encontre uma solução para isso”. Disse Vicente Neiva proprietário de um empreendimento localizado na praça.

“Gostaria que a praça voltasse a ser um local mais seguro… trabalho aqui há alguns anos e sinto essa diferença… está cada dia mais complicado conviver com essa situação, espero que nossos políticos olhe a praça com carinho! ” Disse Sr. Antonio taxista

É válido acrescentar que o surgimento da população de rua é um dos reflexos da exclusão social, que a cada dia atinge e prejudica uma quantidade maior de pessoas que não se enquadram no atual modelo econômico, o qual exige do trabalhador uma qualificação profissional, embora essa seja inacessível à maioria da população. É inegável que a cada ano mais indivíduos utilizam as ruas como moradia, fato desencadeado em decorrência de vários fatores: ausência de vínculos familiares, desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de drogas, doença mental, entre outros fatores. Por isso, cabe ao poder público uma ação efetiva sobre os aspectos de infraestrutura e segurança, bem como, quanto a questão das pessoas que necessitam de um direcionamento e um cuidado especial através de assistência social, para que a praça continue reafirmando seu lugar de expressão histórica da cidade.

ASCOM – Associação Comercial e Empresarial de Santo Antônio de Jesus



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