‘É seguro’, diz médico sobre contraceptivo suspenso pela Anvisa

Desde o lançamento dispositivo Essure, em 2009, foram vendidas cerca de 800.000 unidades do produto no mundo — 6.000 no Brasil (Bayer/Divulgação)

A suspensão do contraceptivo Sistema Essure pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), anunciada esta semana, causou grande preocupação entre as mulheres. Entre os potenciais riscos associados ao dispositivo estão “alterações no sangramento menstrual, gravidez indesejada, dor crônica, perfuração e migração do dispositivo, alergia e sensibilidade ou reações do tipo imune”. Tanto que em resolução publicada na última sexta-feira no Diário Oficial da União (DOU), a agência classificou o produto, comercializado no Brasil pela Commed Produtos Hospitalares e fabricado pelo grupo alemão Bayer, com risco máximo e suspendeu sua a importação, distribuição e comercialização do produto em todo o território nacional.

Apesar dos potenciais problemas apontados pela agência, especialistas consultados por VEJA afirmaram que o Essure é seguro. “É um método eficaz e seguro. Surgiu como uma alternativa muito menos agressiva que a laqueadura”, explicou Rogerio Bonassi, presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). “Agora, os potenciais eventos adversos após a colocação ultrapassam os da laqueadura tradicional, que oferece os mesmos riscos de qualquer procedimento cirúrgico. É preciso informar o paciente disso”, explica.

O questionamento sobre os danos potenciais do dispositivo não é algo novo. Nos Estados Unidos, mais de 10.000 reclamações foram registradas, com relatos desde dores, lesões, gestações após a colocação e até mortes. Após ser notificada, a FDA, agência americana que regula medicamentos, afirmou que, embora algumas mulheres apresentem complicações, o método é seguro e efetivo para outras. A agência pediu que a Bayer – fabricante do dispositivo – realizasse um novo estudo clínico comparando pacientes submetidas ao Essure à mulheres que realizaram a laqueadura tradicional. Os dados preliminares desse estudo devem ser divulgados em março deste ano.

Ao jornal americano The New York Times, a Bayer disse que as complicações são resultado de habilidades cirúrgicas ruins.

O que fazer

No Brasil, estima-se que 6.000 mulheres implantaram o Essure. Não é preciso se preocupar, dizem os médicos, mas indica-se fazer um controle anual com o ginecologista. Após 3 meses da colocação do Essure, obrigatoriamente a paciente deve fazer um raio X da região para saber se o dispositivo está corretamente posicionado e se uma cicatriz se formou no local. Depois desse exame, não é necessário fazer acompanhamentos específicos. Ou seja, deve-se continuar com a rotina normal de exames preventivos. “Sinais de alerta como dor (cólicas), alterações no padrão de sangramento, febre, corrimento vaginal devem ser relatados ao médico”, explica Bonassi. Se for constatada necessidade de remover o contraceptivo, é preciso realizar um procedimento cirúrgico.

Como funciona a técnica

O Essure é composto por dois dispositivos de titânio e níquel que são implantados no início das das tubas uterinas. O dispositivo é inserido por um método chamado histeroscopia. Com a ajuda de uma câmera de alta definição acoplada à ponta do aparelho, um cateter bem fino leva o Essure até o primeiro terço das tubas. O procedimento deve ser realizado somente por ginecologistas especializados em histeroscopia.

Ao serem alocados nas trompas, o instrumento provoca uma reação inflamatória que, por sua vez, forma uma cicatriz que obstrui as trompas em cerca de 90 dias. Por isso, nesse período é necessário utilizar um método contraceptivo adicional, como preservativo ou anticoncepcional hormonal.



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