Covid: mais de oito milhões de baianos não completaram esquema vacinal

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Em meio à preocupação com a circulação de novas variantes da Covid-19 na Bahia, a baixa procura pelo reforço da vacinação por parte dos baianos também reacende o alerta das autoridades de saúde. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), mais de oito milhões de baianos estão com o esquema vacinal incompleto. A situação pode contribuir para o surgimento de novas variantes e aumento dos casos.

A coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde da Sesab, Priscila Macedo, alerta que a vacinação é uma das medidas mais seguras para proteger e reduzir as chances de desenvolver a forma grave da doença.

“Podemos voltar a um cenário de flexibilização das normas de segurança graças ao avanço da vacinação. É entristecedor esse número porque estamos, desde o início de 2021 (quando as vacinas foram disponibilizadas), enfatizando a importância de comparecer aos postos de saúde para tomar a vacina. É fundamental que a população complete seu esquema vacinal e mantenha o nível de anticorpos para não ter a forma grave da doença”, ressalta.

Para a coordenadora, a desinformação e descrença por conta de um cenário mais favorável da pandemia podem interferir na procura pelas doses de reforço nas unidades de saúde do estado.

“Muita gente pensa: ‘tomei vacina e peguei Covid’. Precisamos deixar claro que a vacina não isenta de contrair a doença. O grande ganho da vacinação, das vacinas que estão disponíveis, é que protege contra formas mais graves da doença, inclusive óbito. Por isso que precisamos dessas doses de reforço nos intervalos que são preconizados no plano de vacinação, para que o número de anticorpos não caia tanto e para que seja possível combater o vírus e as suas subvariantes”, afirma.

Novas variantes da Covid

Mesmo com a alta de casos em diversos países, a Bahia ainda não registrou casos das novas subvariantes da ômicron, a BQ.1 e XBB. A sublinhagem está relacionada ao aumento de casos na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. Os especialistas apontam que elas podem ser mais transmissíveis e resistentes às barreiras vacinais.

Conforme a coordenadora, a expectativa é de que os casos aumentem nas próximas semanas, tendo em vista o comportamento do vírus nas outras grandes ondas mundiais.

“Estamos nessa expectativa não tão boa de aumento dos casos nos próximos dias e semanas. Observamos muito o que vem acontecendo na Europa, nos Estados Unidos, nas outras cidades do país. Estamos sob controle neste momento, se olharmos o número de casos novos, ativos, internação, média de óbitos. Todos os nossos indicadores apontam um arrefecimento da pandemia em todo o estado. Só que a gente olha para essa nova subvariante com preocupação e triplica esse sinal de alerta”, explica.

O infectologista do Grupo Fleury, Celso Granatto, alerta para a possibilidade de uma nova onda no país. Segundo ele, “o aumento de casos vem acompanhado da entrada de uma nova variante”.

“Desde o final do ano passado até agora, a gente tem observado isso. Como o vírus está em processo de adaptação, cada vez que ele sofre uma modificação, no sentido dele se adaptar melhor, consegue ultrapassar os anticorpos adquiridos após o contágio e o da vacina. A gente teve um pico muito importante com a circulação da ômicron e, posteriormente, com as suas variações. A capacidade de transmissão é alta”, afirma.

O especialista explica que os sintomas se assemelham ao de um resfriado, como a inflamação na garganta e corrimento no nariz.

“Muita gente com esses sintomas acha que não é covid, mas é preciso fazer o teste para ter a confirmação. Os casos apresentam sintomas leves, mas pessoas com comorbidades podem desenvolver uma forma mais grave da doença.

No Brasil, alguns casos já foram registrados no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Porto Alegre. Entre eles, um óbito foi confirmado nesta terça-feira, 8, pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. A vítima era uma mulher de 72 anos e tinha comorbidades.

A cepa BQ.1 foi identificada pela primeira vez na Europa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a subvariante já está presente em, ao menos, 65 países.

Cuidados

O infectologista destaca a importância do uso das máscaras no dia-a-dia, principalmente neste contexto de circulação das novas variantes. Para o especialista, o equipamento de segurança deve ser utilizado em ambientes fechados, nos transportes públicos, nas salas de aula.

“A gente tem visto em todo o Brasil que as pessoas abandonaram o uso da máscara. Com isso, a transmissão do vírus fica mais eficiente. As nossas taxas de vacinação para terceira e quarta doses estão abaixo do esperado; a quarta dose, por exemplo, não chega nem a 20%. Isso precisa mudar. A máscara é uma proteção universal, ela vai ser uma barreira para proteger contra todas as variantes”, enfatiza.

Além do uso da máscara, o infectologista alerta para a manutenção de cuidados como a higienização das mãos e superfícies em geral e testagem em caso de sintomas, como coriza e inflamação na garganta.

Aumento dos testes

Também foi constatado um aumento na realização de testes em laboratórios particulares no Brasil. Segundo o Instituto Todos Pela Saúde, o número de exames positivos passou de 3% para 17% entre 8 e 29 de outubro. Os dados representam um forte indício de nova onda de casos, conforme o pesquisador científico da instituição, Marcelo Bragatte.

“A gente estava em baixa positividade e deu um salto. Está havendo um aumento de casos no Brasil. O ideal é que todo mundo estivesse com o cartão de vacinação atualizado. As pessoas que não completaram o esquema vacinal ficam mais suscetíveis ao vírus. É um alerta, não é para ficar desesperado. Mas é importante tomar todos os cuidados possíveis”, pontua.

Ainda de acordo com o pesquisador, o cenário aponta para a possibilidade de um planejamento de vacinação anual.

“Tudo leva a crer que a gente vai ter a vacina de covid como um reforço anual, como a da gripe, levando em consideração a frequência de novas ondas. Para conseguir abarcar e acompanhar todas essas sublinhagens, a gente vai ter que fazer pelo menos um reforço anual para que todos fiquem protegidos”, completa.

Comprovante de vacinação

Diante das informações da chegada no Brasil da nova variante da covid-19 e da possibilidade de uma nova onda da doença, o Conselho Estadual de Saúde da Bahia defende que o comprovante de vacinação volte a ser exigido em espaços de grande concentração das pessoas. O órgão, que fiscaliza e delibera o Sistema Único de Saúde (SUS) no estado, vai fazer a recomendação ao governo e às prefeituras da Bahia.

Segundo o Conselho, o pedido é indicado no intuito de controlar e reduzir a contaminação pela variante do coronavírus. Entre os locais orientados a seguir a recomendação estão: hospitais, unidades de saúde, órgãos públicos, aeroportos, rodoviárias, metrô, ferryboat, escolas, academias, shoppings centers, bares e restaurantes, hotéis, cinemas, teatros, museus, festas e estádios de futebol.

O Conselho prevê que essa é a medida mais eficaz para evitar os casos de contaminação, visto que a imunização é uma das ferramentas mais eficientes e seguras para prevenir doenças infecciosas.

De acordo com o presidente do órgão, Marcos Sampaio, no caso da covid-19, é notório perceber que, após a aplicação das vacinas na população, em suas diversas faixas etárias e grupos prioritários, houve uma redução nas taxas de internações e mortes.

“A possibilidade de não vivermos uma onda nas mesmas proporções de quando a Covid-19 surgiu é a manutenção da aplicação da vacina e suas doses de reforço, sendo incentivada através da apresentação do comprovante de vacina para acessar determinados espaços. Não tenho dúvidas de que a vacina salva.”, declara.

Vacinação infantil

A baixa adesão e a entrega reduzida de doses da vacina para as crianças entre 3 e 4 anos também acendem o alerta na Bahia. Conforme a Sesab, apenas 14% do público tomaram a primeira dose do imunizante contra a Covid-19.

Ainda segundo o presidente do Conselho de Saúde, a aplicação dessa obrigatoriedade também se faz necessária diante da falta de vacinas para crianças entre 6 meses e 4 anos. “Uma vez que exista o incentivo e cobrança da caderneta de vacinação atualizada há, consequentemente, o aumento na cobertura vacinal e diminuição de contágio para essas crianças e população em um contexto geral”, afirma.

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