Escritor Edgard Abbehusen alerta prefeitos do recôncavo em relação ao coronavírus, “Aumentem o tom, alertem ao máximo”

O escritor baiano, Edgard Abbehusen usou sua página das redes sociais para alertar os prefeitos do recôncavo diante da situação do coronavírus no país. Para ele, a situação é grave e os gestores precisam tomar uma postura mais firme, “Fechem as suas cidades, mandem o povo ficar em casa. Fechem o comércio, só deixem o essencial funcionando. Não restará tempo quando a bomba explodir e nem o Zé da Saúde, nem a Maria da Saúde e muito menos o fulaninho da Ambulância vão aliviar os problemas. É enorme o buraco que o COVID-19 abrirá sob os seus pés”, disse em um trecho da nota. Confira abaixo na íntegra:

Na minha cidade, em Muritiba, vários são os vereadores eleitos com o sobrenome ‘saúde’ nas urnas. E a explicação não é tão complexa. Se a prefeitura falha na prestação do serviço, nomes aparecem para ‘salvar’ quem mais precisa na solicitação de exames, consultas e cirurgias.

O colapso citado pelo Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em coletiva essa semana, se referindo ao surto da Pandemia de coronavírus no Brasil, já acontece em vários pequenos municípios, inclusive na região da Bahia onde nasci e cresci. 

E trazendo para a realidade que conheço de perto, o recôncavo baiano precisa se preparar. E se preparar para a guerra. Aqui em Salvador, por exemplo, local de onde escrevo esse texto, está sendo montada uma grande operação para receber doentes. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, além disso, também já começa uma preocupação sobre onde vão enterrar corpos. A expectativa é que serão muitos. O caso é grave e o assunto é sério.

Hoje vi vários vídeos de prefeitos na Itália indo às ruas e implorando as pessoas que eles encontravam pelo caminho para que voltassem pra casa. Soube que feiras livres estão lotadas, que bares estão lotados e que muita gente ainda acha isso tudo um exagero, pensamento bem parecido com o que se falava na Itália e na Espanha, no início do surto. E já é assustador o que está acontecendo por lá.

Na Itália, em apenas um dia, foram mais de 700 mortes. Familiares não podem nem fazer um funeral e o exército leva os caixões em vários caminhões para os corpos serem cremados. Lá, já começa a escolha de quem vive e quem morre, pois não existe leito para todo mundo. Na Itália, Europa.

Prefeitos do meu recôncavo, acordem. Fechem as suas cidades, mandem o povo ficar em casa. Fechem o comércio, só deixem o essencial funcionando. Não restará tempo quando a bomba explodir e nem o Zé da Saúde, nem a Maria da Saúde e muito menos o fulaninho da Ambulância vão aliviar os problemas. É enorme o buraco que o COVID-19 abrirá sob os seus pés.

Outro dia li, de um jornal Português: Tudo o que faremos agora parecerá exagero, tudo o que vamos fazer depois será insuficiente.

Aumentem o tom. Alertem ao máximo. Não é uma nuvem passageira, mas uma tempestade. E os respingos da chuva começam a bater na nossa janela das nossas casas. E muitas janelas estão aberta. Cuidem dos seus cidadãos.

Edgard Abbehusen, escritor baiano.



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