Caracol invasor que poderia causar meningite se espalha por 11 estados brasileiros

Espécie exótica de caracol foi vista pela primeira vez no Brasil em cidades do Paraná e litoral paulista — Foto: Arquivo pessoal/Marcos R. Bornschein

Novos registros de aparições de uma espécie de caracol indiano foram feitas nas últimas duas semanas em 11 estados do Brasil por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Além de impactos para hortas e jardins, os estudiosos conseguiram confirmar a possibilidade desses indivíduos serem vetores de Angiostrongylus spp, o verme causador da angiostrongilíase e meningite eosinofilica em animais e humanos.

De acordo com a coordenadora da pesquisa e mestre em biodiversidade Larissa Teixeira, de 25 anos, informou que após a divulgação do surgimento da espécie no Brasil, diversas pessoas entraram em contato com ela para alertar sobre o encontro do caracol, da espécie Macrochlamys. Até então, só havia registro em Cubatão e Santos, no litoral de São Paulo, e em Maringá e Matinhos, no Paraná.

“Surgiram registros fotográficos em mais nove estados: Acre, Amazonas, Pará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Minas Gerais”, ressalta. Ainda conforme a pesquisadora do grupo do Laboratório de Ambientes Insularizados (LABIN) da Unesp em São Vicente, não é possível estimar a quantidade desse indivíduos, pois há inúmeros registros.

Do tamanho de uma moeda de R$ 1, esse caracol tem hábitos noturnos, e se diferencia de outras espécies pela concha achatada e um chifre no final do pé dele. A espécie invasora pode ter vindo da Índia com plantas e floricultura, e pode competir com a fauna local, ocupando o espaço de espécies nativas e, também, causando danos à agricultura por falta de predadores.

Além disso, a maior preocupação é de que ele transmita doenças, como foi levantada a possibilidade dentro da pesquisa, segundo aponta Larissa. “Recebemos relatos deste animal em contato com fezes de animais domésticos e associado a tubulações. Por este motivo, ele pode ser um potencial vetor de do verme causador da angiostrongilíase e meningite eosinofilica em animais e humanos. Especialistas na doença confirmaram a alta possibilidade”, diz.

Ainda de acordo com ela, neste momento, além de saber fazer a análise dos lugares que eles são encontrados e para entender onde ele pode ser encontrado, os pesquisadores também trabalham em um protocolo de combate para lidar com a invasão e na análise dos potenciais riscos à saúde que a espécie nos traz.

“O protocolo de combate é essencial, uma vez que ele têm se mostrado de difícil contenção e resistente a boa parte dos métodos comuns. Estamos estudando algo que não faça mal ao solo, jardins e fauna nativa, e que seja de fácil execução”, finaliza.



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