“Estou destruída, sem chão, sem dormir”, diz bisavó de menino morto em Saubara

Em meio às lágrimas, dona Maria das Dores Rosa Silva, 59 anos, buscava forças para lidar com a realidade: seu bisneto, Adrian Benjamin, de 2 anos, foi brutalmente assassinado.

“Estou aqui destruída, sem chão, sem dormir, sem comer. Que perversidade ele fez com o menino”, desabafou.

A família acusa o padrasto, de prenome Tiago, pelo assassinato. Até o momento, ele não foi localizado.

A morte de Benjamin aconteceu em Saubara, região do Recôncavo baiano, segundo parentes da vítima.

O garoto estava lá desde o Natal do ano passado, após ter sido levado pela mãe, Eulane Beatriz Santana, 19, para uma chácara onde o padrasto trabalha como caseiro.

Benjamin teria sido morto com o uso de uma pá, segundo a avó de criação. Ela disse que a mãe do menino chegou em Quingoma, localidade de Lauro de Freitas, contando como Tiago cometeu o crime – elas são vizinhas.

Porém, só o laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT) para apontar a causa da morte.

Segurando os brinquedos do bisneto, Maria das Dores lembrava do menino.

“Todo domingo ele ficava aqui. Almoçava, brincava, tomava banho. Às vezes ele ia para casa somente à noite. Passei a manhã com os carrinhos dele. Ele gostava também de moto. Não podia ver uma que queria subir”, contou ela, bastante emocionada.

A família ainda não tem informações sobre o enterro da criança, cujo corpo permanecia no Instituto Médico Legal (IML).

Momentos antes de ir para Saubara, Benjamin disse à madrinha que não queria ir por causa das agressões do padrasto. Mas a mãe não deu ouvidos.

Em outro momento, o menino já havia relatado à bisavó sobre as violências que sofria. No entanto, ela também ouviu da neta que nada disso era verdade. Porém, somente com a morte da criança surgiram outros relatos das agressões.

“Os vizinhos da mãe disseram que todos os dias Tiago judiava do menino, que batia nele sem motivo algum”, contou a bisavó.

Adrian Benjamin é fruto de um relacionamento anterior da mãe, que possui um bebê – uma menina de dois meses – com o atual companheiro, Tiago. O casal está junto há um ano e meio.

Premeditado

A chácara onde Tiago é caseiro fica na Praia de Cabuçu. No local, há um estábulo, onde o menino teria sido encontrado caído. O tio de Benjamin disse que o crime foi premeditado.

“A mãe disse que Tiago chamou ele para ir ver os cavalos. Benjamin era doido por cavalos. Horas depois, Tiago voltou sem o menino. Eulane perguntou e ele disse que não sabia. Ela foi procurar e encontrou o filho no chão do estábulo”, contou Uanderson Santana, 23, que também é padrinho do garoto.

Os parentes não souberam dizer exatamente quando, de fato, ocorreu a morte de Benjamin. Eles apenas reproduzem as declarações de Eulane. Eles acreditam que ela ainda não falou toda a verdade.

“Ela não é direta no assunto. A gente perguntou, mas ela não fala tudo. A gente não sabe quando ele morreu, como ela trouxe ele para cá e por que não ligou para nos pedir ajuda. Tem muita coisa sem explicação e nós queremos respostas e que a justiça seja feita”, desabafou a bisavó do garoto, Maria das Dores. Eulane foi ouvida na delegacia de Itinga ontem, mas o conteúdo do depoimento não foi divulgado.

Ela disse ainda que outra pessoa que pode ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu é a mãe de Tiago, que viajou junto.

“Ela estava lá, ela deve saber de mais alguma coisa. Se fosse para defender o filho, ela não teria voltado com Eulane. Mas a gente não está no coração de ninguém. Antes de tudo, ela é mãe de Tiago”, declarou a bisavó.

*Correio



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