‘Impacto a longo prazo’, diz vice-presidente da associação dos produtores de licor de Cachoeira, após PF interditar fábricas

Segundo Roseval Pinto, o fechamento impacta principalmente a produção para o próximo São João.

Dois dos mais tradicionais fabricos de licor da Cachoeira são interditados — Foto: Reprodução/G1

O vice-presidente da Associação dos Produtores de Licor de Cachoeira, cidade no Recôncavo Baiano, comentou a interdição das fábricas pela Polícia Federal, na terça-feira (21). Segundo Roseval Pinto, o fechamento impacta principalmente a produção para o próximo São João.

“O nosso processo de fabricação começa de um ano para o outro, porque além da gente usar a fruta da região, as frutas da época, nós armazenamos ela para que no ano seguinte a gente consuma o licor. Por exemplo, o licor de jenipapo, ele tem que ser consumido entre seis meses e um ano. Então a gente armazena isso para o ano seguinte”.

“Com essa paralisação, com os lacres do nosso maquinário, a gente ficou impossibilitado de fazer isso. Quanto mais depressa possível isso for liberado, para que a gente possa produzir para o ano que vem, melhor. Porque o nosso impacto não vai ser hoje, agora, vai ser a longo prazo”.

Além do tradicional licor de “Roque Pinto”, também foi fechada a fábrica do “Arraiá do Quiabo”. Estes são os mais tradicionais fabricos de licor em Cachoeira. Os dois estabelecimentos foram fechados porque a PF constatou irregularidades junto ao Ministério da Agricultura. São elas:

  • Mudanças no espaço físico dos estabelecimentos;
  • Contrato de um químico responsável, ou engenheiro de produção ou engenheiro químico;
  • Registro junto ao Mapa de cada um dos produtos que os estabelecimentos fabricam;
  • Um documento com a planta do local e uma espécie de inventário de tudo que tem no fabrico (móveis, objetos, quantidade desses objetos, local onde ficam instalados/armazenados).

Roseval detalhou que já foi feita a readequação das irregularidades, para dar entrada no registro exigido pelo governo federal.

“Quando eles chegaram aqui, constataram que a fábrica está rigorosamente em dia, porém falta o registro no Ministério da Agricultura, registro esse que já demos entrada, só que não foi aprovado pelo Ministério. Então, ele não reconhece essa legalidade. A gente já está com químico contratado, tudo direitinho”.

O vice-presidente da associação pediu sensibilidade às autoridades, porque toda uma cadeia produtora é afetada com o fechamento das fábricas.

“A gente já deu entrada e está praticamente legalizado. Só precisamos da sensibilidade das autoridades, afim de deixar a gente trabalhar até o final desse mês, porque esse é o período de pico, onde temos compras a fazer e a pagar, e materiais para armazenar para o ano que vem. Isso nos deixa impossibilitados, no momento, de fazer tudo isso. Temos fornecedores que não sabem o que fazer com suas frutas. Enfim, tudo isso que nos prejudica nesse exato momento”.

Produção de Licor na casa Roque Pinto, em Cachoeira, Bahia — Foto: Rosival Pinto/G1

De acordo com Roseval, mais de 60 famílias são afetadas com o fechamento da fábrica, no principal período de produção, venda e consumo dos licores.

“Antes da pandemia, chegamos a colocar umas 100 pessoas. Mas, depois da pandemia, a gente veio reduzindo. Agora que a gente voltou [a ter São João], nós estamos com um quadro de 60 a 70 pessoas, incluindo a família. São pessoas que já trabalham com a gente todo ano, porque nosso emprego é temporário. Maio a junho são os dois meses que a gente trabalha mais, e é isso que faz as famílias se sustentarem”.

Nesta semana de São João havia uma expectativa de venda alta na cidade. A prefeita de Cachoeira, Eliana Gonzaga, disse que o poder público tem atuado junto à Associação dos Licores e aos fabricos interditados para tentar reverter a situação.

Ela também informou que a Vigilância Sanitária do município realiza fiscalizações e os fabricos de licor de Cachoeira atendem todas as normas e exigências.

Fiscalizações

Em 11 de maio, técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fiscalizaram fabricos de licor da cidade de Cachoeira e fizeram uma série de exigências e adequações.

Segundo a Associação dos Fabricos de Licor de Cachoeira, ocorreram duas visitas e foi estipulado um prazo de 60 dias (até 11 de julho) para que os locais atendessem exigências.

De acordo com o presidente da associação e gestor do fabrico “Licores Roque Pinto”, Roseval Pinto, o Mapa constatou irregularidades perante o Ministério da Agricultura. Nas visitas anteriores, os técnicos multaram a empresa e disseram que adequações precisavam ser feitas.

Fonte: G1

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