Encontro reúne mães de vítimas da violência do Estado na próxima semana em Salvador

Foto: Pedro Prado / Ponte Jornalismo

Para milhares de mães brasileiras que perderam seus filhos para a violência praticada pelo Estado, maio, mês das mães, pode ser uma época difícil. Várias dessas mulheres estarão reunidas em Salvador na próxima semana, entre os dias 16 e 21, para o “III Encontro Internacional de Mães Vítimas da Violência do Estado: Por Justiça, Reparações e Revolução”. O encontro reparativo irá reunir mulheres e familiares que exigem justiça em casos de filhos mortos pelas polícias. O encontro tem uma pauta ampla. Vai defender, por exemplo, a criação de um Fundo de Reparação Econômica, Psíquica e Social aos Familiares por parte do Estado; a aprovação de projeto de lei que visa à criação da Semana Estadual de Luta das Mães e Familiares Vítimas da Violência do Estado no mês de maio; aprovação de projeto de lei que dispõe sobre o funcionamento das perícias criminalísticas e médico-legal, visando mais autonomia para as mesmas; e o fortalecimento da Comissão da Verdade e da Democracia. O Fundo Brasil de Direitos Humanos apoia o encontro por meio do financiamento das viagens de cinco organizações que farão parte do debate. São elas: Grupo de Mulheres e Familiares de Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa, do Ceará; Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência,do Rio de Janeiro; Amparar – Associação de Amigos/as e familiares de presos/as, de São Paulo; Criola, do Rio de Janeiro; e Mães do Curió, do Ceará, apoiadas por meio do Cedeca. Maio, além do Dia das Mães, é um mês simbólico para a luta dessas mulheres devido ao episódio conhecido como Crimes de Maio, quando mais de 500 pessoas foram assassinadas no Estado de São Paulo por homens encapuzados após as mortes de policiais provocadas pelo PCC. Depois dessas mortes, outras diversas chacinas semelhantes ocorreram em todo o país. Em novembro de 2014, por exemplo, onze pessoas foram assassinadas em cinco bairros de Belém (PA), após a morte de um policial militar. Em Manaus (AM), 37 pessoas foram executadas em julho de 2015 depois que um sargento foi morto ao reagir a um assalto. Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, foram cenários de uma série de ataques, com as mortes de 23 pessoas, em agosto de 2015. Os assassinatos ocorreram após a morte de um policial durante roubo a um posto de gasolina. Este ano, uma onda de violência provocou dezenas de mortes em Belém após os assassinatos de dois policiais militares. Estudiosos apontam que as frequentes chacinas em várias regiões do país seriam uma consequência do que aconteceu há 12 anos em São Paulo. Levantamento recente feito pelo Monitor da Violência, do site G1, mostra que o Brasil registrou no ano passado o número de 5.012 pessoas mortas por policiais – 790 a mais que em 2016. No mesmo período, 385 policiais foram assassinados.

*BN



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