Lauro de Freitas ultrapassa Salvador e é a cidade mais povoada da Bahia

No censo de 2022, a cidade de Lauro de Freitas alcançou o marco de ser a mais povoada da Bahia, ou seja, a de maior densidade demográfica. São 3.509,27 habitantes por quilômetro quadrados (km²), levemente acima de Salvador, que tem 3.486,96 pessoas por habitantes por km². Isso acontece, pois os 203 mil moradores da cidade, calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dividem uma área de apenas 58 km². Já os 2,4 milhões de habitantes de Salvador ocupam uma área quase 12 vezes maior do que a cidade vizinha.

Para explicar o que Lauro de Freitas viveu ao longo dos anos, a supervisora de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, usa a alegoria da habitação: é como se numa casa morasse apenas uma pessoa e, 53 anos depois, 20 pessoas estivessem vivendo na mesma residência, cuja área não foi alterada.

“Quantos mais gente, mais desafios. Uma casa para uma pessoa não funciona da mesma forma que uma casa para 20. É preciso ter uma gestão”, explicou Viveiros.

Na prática, quanto mais densa, mais intensa é a ocupação dos espaços, segundo a especialista. “É mais gente circulando no território, que é mais ocupado pelas pessoas. Isso gera densidade na circulação urbana, dificuldades em questão de habitação, saneamento, segurança, espaços livres, área comum… enfim, implica uma série de desafios de planejamento urbano. Quem mora em Lauro já vê um pouco disso”, disse. Os moradores da cidade confirmam.

“Os engarrafamentos excessivos tornam difícil sair de carro a qualquer hora. A segurança deixa a desejar, pois agora evito transitar em Lauro com receio de assaltos durante o dia”, disse a aposentada Maria Eliza Martins Barbosa, 63 anos, que vive em Lauro de Freitas desde 1991.

Industrialização

O geógrafo e professor do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), o professor Marcelo Souza Oliveira, adiciona ainda a esses fatores a industrialização na Região Metropolitana de Salvador (RMS) a partir da década de 1970.

“Com a chegada do polo petroquímico de Camaçari, muitos trabalhadores foram morar em Lauro de Freitas. Ao longo do tempo, isso gerou mais serviços na cidade, como escolas, universidades, shoppings centers… deixou de ser um lugar apenas para veraneio”, contou.

“Eu mesmo ensinei em Lauro de Freitas no início dos anos 2000 numa escola particular e a maioria dos estudantes eram de filhos de pessoas que trabalhavam no polo. Isso evidencia também a chegada de serviços na cidade. As pessoas começaram a fixar residência na cidade”, avaliou.

Para o professor Marcelo Souza Oliveira, a tendência é que esse crescimento populacional em Lauro de Freitas se estagne ao longo dos anos e migre para outras regiões do Litoral Norte da Bahia, que se mostra como um eixo de expansão urbana da capital Salvador.

“E isso já está acontecendo. As pessoas estão saindo da capital e indo morar em Camaçari. A tendência é que isso também se estenda para a região de Simões Filho. Vai ser preciso viabilizar meios para o transporte e diminuir os engarrafamentos nas vias, que vão ficar ainda mais cheia”, disse.



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