Salvador: ratos, alagamentos e sujeira são problemas na Feira de São Joaquim

Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

Na manhã de quarta-feira (17), a Feira de São Joaquim recebeu a visita da comitiva do Governo do Estado, que percorreu as ruas estreitas e inspecionou os boxes a serem reformados. Durante a visita, algumas pessoas se depararam com um rato morto, cuja cabeça estava presa no alto da porta, enquanto o corpo pendia para fora.

Essa cena chocante é um reflexo de um problema crônico na feira, que inclui alagamentos, sujeira e furtos. Contudo, há planos de requalificação do local nos próximos dois anos.

Para os frequentadores e trabalhadores da Feira de São Joaquim, em Água de Meninos, os problemas são diversos, mas a presença de roedores entre as bancas é uma das principais fontes de queixa.

Especialmente durante o período de chuvas recentes, as ruas ficam alagadas, restos de alimentos são encontrados por toda parte e incidentes de furto são relatados. No entanto, na quarta-feira (17), o Governo do Estado deu autorização para o início da segunda etapa da reforma do local, abrangendo 407 boxes, 116 bancas e 53 pallets.

Isabel Lima, professora de 48 anos, frequenta a Feira de São Joaquim há cerca de três décadas, desde que sua família se mudou do Recôncavo para Salvador. Ela destaca a diversidade de produtos como um dos principais atrativos da feira. Apesar de recomendar o local para amigos, Isabel não deixa de mencionar as condições precárias encontradas lá.

“Já vi ratos na feira. Tem bueiros abertos, ruas com calçamento incerto, o que é uma dificuldade para pessoas idosas e pessoas com deficiência caminhar, e muitos pontos de alagamento. Eu já perdi uma roda do carrinho de compras que ficou presa em uma tampa de bueiro que estava mal colocada”, contou a professora.

De acordo com os frequentadores, a limpeza da feira ocorre duas vezes ao dia, de manhã e à tarde. No entanto, alguns trabalhadores não respeitam os horários e descartam restos de alimentos de forma irregular, o que acaba atraindo moscas, ratos, baratas e outros insetos.

Nanci Marques, feirante de 48 anos que trabalha na Feira de São Joaquim desde a infância, relatou que já teve produtos furtados. Ela está otimista em relação à reforma do local.

“É preciso fazer uma padronização das bancas, resolver os problemas de alagamento e é preciso que o feirante também crie consciência. O rapaz [funcionário da Limpurb] faz a limpeza nos horários certos, mas muitos feirantes descartam as vísceras dos animais logo depois do rapaz passar. Isso atraí muitos insetos. A gente precisa de uma reforma urgente, então, estou feliz com essa iniciativa”, contou.

Ela enfatizou a necessidade de reforçar a segurança. Os clientes destacaram a importância de instalar lixeiras e coberturas nas ruas para proteger contra chuvas e sol intenso, enquanto os trabalhadores ressaltaram a urgência de obras de drenagem devido aos alagamentos, que resultam em prejuízos como perda de mercadorias e queda nas vendas.

Em relação às etapas do projeto, o presidente do Sindicato dos Feirantes e Ambulantes de Salvador, Nilton Ávila, conhecido como Gago, esteve presente na cerimônia de assinatura da ordem de serviço para o início imediato das obras ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Ele destacou que a Feira de São Joaquim emprega cerca de 8 mil trabalhadores, que dependem dela para sustentar suas famílias, e solicitou que seja mantido o cuidado com o prazo para a conclusão da obra, ressaltando o longo tempo de funcionamento da feira.

“Em setembro a feira faz 60 anos na enseada, então, é uma estrutura muito precária. São 60 anos de rede de esgoto, de drenagem, elétrica e estrutural. A Feira de São Joaquim é uma senhora de 60 anos, por isso, precisamos dessa reforma”, afirmou.

Além da demolição e reconstrução dos boxes, o governo realizará melhorias nas ruas e substituirá as redes elétrica e hidráulica. O projeto de requalificação abarca a construção de um galpão destinado a carnes e vísceras, 16 blocos comerciais diversos, um estacionamento e uma via perimetral com calçadão, ao longo da borda da Baía de Todos-os-Santos.

O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), José Trindade, detalhou o funcionamento dessas intervenções.

“O governador deu, nesta quarta-feira, a ordem de serviço para a reurbanização e reforma da feira, da 2ª etapa. É uma obra de R$ 42 milhões e que será concluída em 20 meses. Ela foi dividida em duas fases, em 12 meses será entregue a primeira, e oito meses depois será entregue a segunda. Vamos colocar abaixo o que tem hoje e fazer tudo de novo”, contou.

O tamanho de cada box varia conforme os produtos comercializados e a natureza da atividade de cada feirante. Em decorrência das obras, aproximadamente 300 trabalhadores foram realocados para uma estrutura temporária construída próxima ao estacionamento da feira.

Após a conclusão da primeira fase da obra, eles serão transferidos de volta para os boxes permanentes.

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