Unidades prisionais baianas já têm casos suspeitos de coronavírus

Três unidades prisionais de Salvador já têm casos suspeitos de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Até então, quatro pessoas apresentam sintomas da doença, como gripe, febre e dificuldade para respirar. São três internos e um servidor da área de saúde, que foram submetidos ao exame para constatação da doença.

Segundo o Correio da Bahia, no dia 22 deste mês, a Central Médica Penitenciária, localizada no Complexo Penitenciário da Mata Escura, pediu o isolamento de dois internos do Presídio Salvador, uma das unidades do complexo destinada a custodiar presos provisórios. O pedido foi de afastamento dos demais presos por 14 dias. Ainda conforme a publicação, um médico diz que os dois internos apresentavam sintomas respiratórios leves e, com base nas medidas adotadas pelo Ministério da Saúde a respeito da Covid-19, foi preciso o isolamento deles.

Internos que apresentaram sintomas  da doença foram atendidos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Pirajá no dia 19. Neste dia, os internos tiveram coletadas amostras da garganta para exame da constatação do coronavírus. “O Presídio Salvador tem 800 presos só no prédio principal. Se um deles estiver realmente contaminado, pode ser uma catástrofe, pois rapidamente os demais estarão infectados”, declarou o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários (Sinspeb) Reivon Pimentel.

A reportagem salienta ainda que um servidor da área da saúde, que trabalha no Presídio Feminino, também apresenta sintomas de Covid-19. “Fomos informados que um servidor apresenta os sintomas de gripe e febre, mas não temos conhecimento do afastamento e isso nos preocupada por que as suspeitas estão aumentando. Por enquanto, nosso conhecimento é só na capital, mas não vai demorar muito para os casos do interior chegarem ao nosso conhecimento”, disse Reivon.

Na Colônia Penal Lafayete Coutinho, destinada ao recolhimento de presos condenados em regime semiaberto, um interno foi encaminhado nesta terça-feira (31) para a Central Médica Penitenciária. “Ele faz parte do grupo de risco. Foi atendido na enfermaria, mas, como ele tem tuberculose e está com gripe e com falta de ar, foi necessário levá-lo para Central Médica Penitenciária”, declarou Reivon.

Cobrança
O sistema prisional da Bahia possui apenas 14 celas de observação, destinadas a atendimento de saúde dos presos. Os dados foram coletados pela Rede de Observatórios de Segurança – com representantes na Bahia, Ceará, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro – junto ao Departamento Penitenciário Nacional (Infopen). No dia 17 deste mês, a organização chamou a atenção para a superlotação nos presídios e para a necessidade de que as secretarias de Administração Penitenciária adotem medidas para combater a disseminação do coronavírus nas unidades prisionais.

“Se forem detectados casos de presos com coronavírus, apenas 197 dos 360 estabelecimentos (nos cinco estados) possuem pelo menos uma cela para observação de doentes. São apenas 265 as unidades que possuem farmácia para dispensa de medicamentos. Todos estes números mostram que os desafios para prevenir e conter a crise causada pelo novo coronavírus dentro do Sistema Penitenciário são enormes; infelizmente, o poder público não tem agido em direção a oferecer soluções e planos de contingência para a população apenada”, diz relatório da Rede.

Na Bahia, por exemplo, todos os estabelecimentos prisionais para regime fechado, semi-aberto, provisório e de outros tipos, segundo dados do Infopen de junho de 2019, possuem consultório médico. Além das únicas 14 celas de observação, o estado possui 20 farmácias, segundo dados do Infopen.

 



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