Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar que contraiu o novo coronavírus e que está se tratando com a cloroquina, o infectologista Sergio Cimerman, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, relembrou que o presidente deu declarações de que tomava o medicamento de maneira profilática, e que a notícia de que testou positivo para a Covid-19 é um sinal negativo para a prática.
“Bolsonaro disse frequentemente que fazia profilaxia com a cloroquina. Se ele fazia isso e desenvolveu a Covid-19, isso é evidência que o medicamento não protege. As pessoas estão tentando achar uma cura milagrosa para se encobrir os problemas que o coronavírus traz.”
Cimerman relembra que ainda não há estudos publicados que comprovem a eficácia do uso da cloroquina ou hidroxicloroquina em pacientes com a Covid-19 e diz que casos leves da doença tem tendência de se recuperar naturalmente como uma virose comum.
“Existem vários trabalhos que mostram que não há evidência de que o paciente irá melhorar com o medicamento. Em 80% dos casos leves, o paciente irá se curar naturalmente da Covid-19. A população precisa saber que até o presente momento não existe nada que comprove a eficácia do medicamento.”
Ele relembra que, em casos onde a eficácia não é comprovada, a tendência é que os efeitos colaterais dos medicamentos se manifestem, que no caso da cloroquina pode ser arritmia cardíaca.
Apesar disso, ele reitera que brasileiros hoje podem optar por usar o medicamento em decisão conjunta com o médico, mas que a Sociedade Brasileira de Infectologia não indica o uso do medicamento. “Uma sociedade médica nunca vai pautar algo sem evidência científica”, afirma o médico.
*CNN