Infectologista do HRSAJ faz desabafo sobre o aumento de casos de Covid: “Unidade cheia, pacientes morrendo e colegas de trabalho em estado grave”

Os casos de Covid-19 no Brasil tem aumentado cada vez mais e a falta de leitos tem sido o desafio diário para os profissionais que estão na linha de frente.

Diante desse quadro, o infectologista Jean Reale, diarista da unidade de Covid-19 no Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus fez um desabafo nas redes sociais.

De acordo com ele, desde abril de 2020 tem leitos destinados ao internamento de pacientes com Covid, mas ainda assim a unidade está superlotada.

“Nos últimos dias, eu e meus colegas, tivemos que dar notícia a filho, filha, genro, marido, mulher…que seus familiares tinham perdido a batalha para o coronavirus”, disse.

Ele explica ainda que os pacientes estão em locais improvisados, pois o sistema de saúde no município está colapsando e finaliza questionando sobre o esforço coletivo.

Confira abaixo a nota na íntegra:

Será que todos sabem qual situação atual de SAJ?
Será que todos sabem da dor de perder uma pessoa querida para o Coronavirus?
Será que acham que se adoecerem, ou algum familiar, terá leito disponível?

É uma merda essa Pandemia… Ter que ficar em casa, higienizar as mãos toda hora, usar máscara, perder a maioria do lazer que existia, não poder visitar a avó, não poder isso ou aquilo mais. Não está bom para ninguém, mas meu objetivo é relatar que nossa situação está caótica, no momento.

Falando do Hospital Regional, nunca deixamos de ter leitos destinados ao internamente de pacientes com Covid desde Abril de 2020. Há pouco mais de uma semana reabrimos a unidade específica Covid com nova expansão de leitos. Nos últimos dias, eu e meus colegas, tivemos que dar notícia a filho, filha, genro, marido, mulher…que seus familiares tinham perdido a batalha para o Coronavirus.

Hoje a unidade está cheia e com pacientes sendo internados em locais improvisados. Pacientes graves, paciente morrendo, colega de trabalho internada e grave, pessoas jovens internadas e graves, sobrecarga de trabalho para equipe…junção de fatores que poderíamos traduzir numa frase da música de Edson Gomes “O inferno é aqui”.

Só que esse inferno talvez não tenha ultrapassado o muro do conhecimento para muitos. Em geral, não sentimos a dor do outro, na Covid essa dor pode se alastrar tão rápido…

Estivemos por alguns meses mais tranquilos e com poucas restrições. Penso ter sido importante para a saúde emocional e financeira de muita gente. Agora é momento de novo esforço coletivo com aquele objetivo conhecido (o tal achatamento da curva).
Nosso sistema em SAJ está colapsando e o refúgio que tínhamos (transferir para Salvador) vem falhando em decorrência da falta de vagas lá também.

E você, o que pode fazer, de forma emergencial, para contribuir com a redução da superlotação e mortes pela Covid?

Jean Reale
Infectologista
Diarista Unidade Covid HRSAJ



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