Em uma sociedade cada vez mais dinâmica, onde poucos encontram tempo para fazer outras coisas além do trabalho, algumas pessoas colocam em prática a vontade de ajudar o outro. Esta é a realidade do baiano Genilson Alves, nascido e residente de São Felipe, conhecido popularmente como “Boca”. Com 25 anos, ele é dono da academia, sediada em São Felipe, intitulada “Futuro Campeão“. Criado há cinco anos, com os recursos do próprio professor de boxe, o projeto atende a crianças com dificuldades financeiras. As aulas são para crianças entre 8 e 17 anos.
O projeto que foi iniciado em agosto 2011, teve muitos percalços no seu início e ainda os tem no presente. Genilson contou que as primeiras aulas aconteceram na garagem da casa dele. Após esta fase inicial, o professor de boxe disse que conseguiu dar aulas, três vezes por semana, em uma sala de uma escola, durante à noite. Porém, isto não durou muito tempo porque eles foram expulsos depois que a escola decidiu entrar em reforma. Após perambular em alguns outros espaços, a academia “Futuro Campeão” conseguiu se estabelecer em setembro de 2013, em um espaço que antes era uma Associação com Atividades de Balé e Costuras.
Apesar de se dizer feliz e realizado por realizar este trabalho, o professor de boxe conta que existem muitas dificuldades para tocar o projeto, mesmo ele tendo resultados importantes como vários títulos intermunicipais, baianos e até um campeonato brasileiro. A falta de patrocínio e investimento é o principal obstáculo para o funcionamento da academia “Futuro Campeão”. “O que me motivou na criação desse projeto foi a situação de jovens da minha comunidade. Problemas como tráfico, violência, mal comportamento na escola. Eu tive uma boa criação e de um jovem para outro jovem faz a diferença na cidade. Eu pensei por que não começar uma escola de boxe com estes garotos? Eu toquei este projeto e veio muito jovens de toda parte da cidade e vários começaram a se destacar no esporte. No decorrer deste tempo, muitos foram resgatados das drogas. Infelizmente, também perdi 3 para o tráfico. É uma batalha diária, mas graças a meu Deus, também consegui revelar estes talentos”, explicou. Cerca de 170 crianças e adolescentes passaram pelo projeto, sendo 10 campeões baianos de boxe, vice-campeões brasileiro, um medalhista de bronze nos campeonatos brasileiros de 2014,2015 e 2016. Ele relatou ainda que não encontra apoio, então faz rifas e encontra um pouco de ajuda do comércio da cidade “Não fui grande lutador, mas sou revelador de talentos. Eu me dedico a cada dia ao boxe, é a minha segunda casa. Confesso que, por vezes, eu tiro do meu próprio bolso para manter este projeto para que eu possa ver estes garotos sorrindo. Hoje sou conhecido em vários lugares do Brasil através do boxe e tive a oportunidade de participar de 3 campeonatos nacionais, onde fiz muitas amizades e tive grande aprendizado. Atualmente eu não vivo do boxe, mas vivo para o boxe. É uma batalha diária, pois sempre temos que correr atrás de alguém paramos ajudar, não só em campeonatos, mas também na realização do projeto. Não existe nem um Projeto de Lei que dê recursos para se fazer mais, não só no boxe como em outros esportes. Eu faço tudo isso por amor divino, eu tenho família, esposa, dois filhos, aluguel, etc. É difícil, mas eu consigo dar um jeitinho e fazer tudo no improviso. E hoje, na Bahia, o presidente da Federação Baiana me chama de melhor técnico e coloca a academia como uma potência do interior.
*Varela notícias