Um médico judeu que escapou da Alemanha nazista está na origem das Paralimpíadas, evento que começa nesta quarta-feira (7) no Rio de Janeiro.
Ludwig Guttmann ajudou a fundar e comandou a divisão de tratamento de lesões de coluna no hospital de Stoke Mandeville, na Grã-Bretanha. Lá, muitos dos pacientes eram ex-combatentes de guerra e Ludwig usou o esporte para mudar suas vidas.
“Nós começamos com ex-soldados, ainda durante a guerra, primeiro com jogos simples, como dardo, sinuca e uma espécie de boliche. Aí vi como aqueles homens reagiam, não apenas fisicamente, mas psicologicamente”, disse o alemão naturalizado britânico em imagens de arquivo da BBC. Ele morreu em 1980.
‘Severo’ e carinhoso
O tenista de mesa Philip Lewis, que participou das Paralimpíadas de 1962, disse à BBC que Ludwig era “um tanto severo com sua equipe e com os paraplégicos”.
“Mas por trás de tudo havia aquele enorme carinho. Ele fazia você perceber que ele queria o melhor e que você tinha que encontrar um caminho.”
Uma das maiores atletas paraolimpícas da Grã-Bretanha, Grey Thompson afirmou, em entrevista à BBC, que os deficientes têm uma dívida com o médico.
“Ele acreditava que nós deveríamos viver uma vida normal. E foi persistente num tempo em que as pessoas provavelmente imaginavam que ele fosse um tanto louco por acreditar que deficientes poderiam ser ativos.”
Paralímpiadas hoje
É a vez do Rio de Janeiro sediar a Paralimpíada, mas os bem-sucedidos Jogos de Londres colocaram um desafio não apenas para o Rio, mas para qualquer cidade que queira receber a competição.
A capital britânica recebeu elogios por realizar um evento de casa cheia e “abraçado” pela mídia local. O britânico Phillip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), sabia que a tarefa de repetir tal sucesso seria mais difícil no Brasil. Só não imaginava o quanto.
A duas semanas da Cerimônia de Abertura, no Maracanã, o CPI estava fazendo, junto com o comitê organizador da Rio 2016, malabarismos para tentar fazer com que a versão “enxuta” da primeira Paralimpíada na América do Sul não fosse um passo para trás na luta por mais visibilidade e reconhecimento.
Mas com a explosão na venda dos ingressos verificada na reta final para a inauguração do evento, o cenário começou a mudar. E agora, após a bem sucedida cerimônia de abertura, a expectativa passou a ser bem mais otimista.