Idoso agredido a pauladas e facadas dentro de casa em Quilombo na BA é enterrado

Foto: Maiana Belo/G1

O idoso de 80 anos encontrado morto dentro da casa onde morava no Quilombo Rios dos Macacos, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador, foi enterrado na tarde desta quarta-feira (27), no cemitério Campo Santo, no bairro da Federação, na capital.

A vítima, identificada como José Esídio Dias, era conhecida como Seu Vermelho. Emocionados, amigos e familiares se despediram do idoso. José Esídio tinha sinais de pauladas e facadas no corpo. Ainda não há informações sobre autoria e motivação do crime.

O caso será investigado na Delegacia de Simões Filho. Até a última atualização desta reportagem, ninguém tinha sido preso. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que possui duas linhas de investigação: latrocínio ou vingança. Informou ainda que a hipótese de disputa por terra é remota, mas não descartada. A apuração segue em andamento e familiares serão ouvidos nos próximos dias.

O corpo de José Esídio foi encontrado depois que vizinhos viram a casa aberta e desconfiaram que havia algo de errado. O idoso estava em cima da cama. Segundo familiares, nenhum objeto da vítima foi levado no dia do crime.

Familiares que não quiseram se identificar disseram Seu Vermelho estava recebendo ameaças. “Ele vinha relatando série de ameaças, por conta de uma cerca. Inclusive pessoas tiveram que apartar uma briga com vizinho, certa vez”, disse um dos parentes da vítima.

Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação, onde José Esídio Dias morto dentro de casa no Quilombo, foi enterrado — Foto: Maiana Belo/G1

Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação, onde José Esídio Dias morto dentro de casa no Quilombo, foi enterrado — Foto: Maiana Belo/G1

Um dos filhos de Seu Vermelho disse que ele foi assaltado este ano. No segundo semestre, a data não foi lembrada, invadiram a casa dele e levaram R$ 5 mil. O idoso registrou boletim de ocorrência, mas ninguém foi preso.

Sobre o pai, um dos filhos da vítima disse ele era correto e honesto. “Ele tinha esse apelido de Vermelho porque tomava muito sol. Ele vivia 60 anos na roça, era vida dele. Ele não conseguia se imaginar sem essa vida. Ele gostava da vida pacata. Ele sempre prezava pela educação. Tinha uma educação dura, mas ele gostava de ser correto. Maior lição que ele deixa pra gente é a de ser honesto”, disse.

Segundo outro filho de Seu Vermelho, no domingo, um dia antes do crime, familiares passaram o dia com o idoso.

“Ele [Seu Vermelho] morava sozinho. Acredito que esperaram o pessoal sair da casa dele para matarem ele. Apareceu uma arma no local e não era dele. A família acredita que ele seria morto com essa arma”, relatou um familiar.

Segundo familiares, Seu Vermelho deixou nove filhos, dois de sangue e outros sete de criação.

Idoso de 80 anos, José Esídio Dias, foi enterrado na tarde desta quarta-feira (27), em Salvador — Foto: Maiana Belo/G1

Idoso de 80 anos, José Esídio Dias, foi enterrado na tarde desta quarta-feira (27), em Salvador — Foto: Maiana Belo/G1

Quilombo Rio dos Macacos

Entrada para o Quilombo Rio dos Macacos é controlada pela Marinha — Foto: Itana Alencar/G1 BA

Entrada para o Quilombo Rio dos Macacos é controlada pela Marinha — Foto: Itana Alencar/G1 BA

O Quilombo Rio dos Macacos é conhecido pela resistência na região metropolitana. Cerca de 85 famílias moram na comunidade.

As terras são alvo de disputa com a Marinha do Brasil há pelo menos seis anos. O órgão, inclusive, controla a entrada na região.

Em 2014, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) delimitou a área, e em 2015, depois de longa disputa judicial, parte da área foi reconhecida como sendo dos quilombolas.

No ano passado, o Quilombo recebeu representantes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), com o objetivo de garantir os direitos humanos da população no local, além de colher relatos.

*G1



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