Familiares de pacientes são alvos de golpe em hospitais

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O telefone da assistente social Sandra* tocou logo após ela ter saído do Hospital da Bahia, onde a mãe está internada na UTI. O número estava privado. Ao atender, um homem se identificou como médico, relatou o caso da paciente e disse: “Ela precisa fazer exames extras de imagens”.

Sandra estranhou. Desconfiou que poderia ser um golpe e disse que voltaria para o hospital. Ele respondeu que não seria necessário, que tudo seria feito por telefone. Mas a ligação só terminou quando Sandra afirmou: “Estou passando pela frente da 16ª Delegacia de Polícia da Pituba. Vou parar e pedir para rastrear o seu número. Depois, a gente continua a conversa”. Ele desligou o telefone.

Casos assim, em que um falso médico procura familiares de pacientes e pede pagamentos por serviços extras, como exames, têm ocorrido em todo o país. Em Salvador, hospitais da rede privada – como Português, da Bahia, Santo Amaro, Aliança e São Rafael – publicaram um alerta nos respectivos sites.

Somente no Português, único hospital que informou quantitativo, foram registradas 12 ocorrências, nos últimos 12 meses.

No caso citado acima, o rapaz se identificou como “dr. Rodrigo Oliveira” e perguntou à assistente social se ela era parente da paciente. Ele se disse cardiologista e detalhou o quadro clínico: “Ela está com um quadro de infecção pulmonar, com coágulos. A senhora não é a responsável pelo convênio médico dela? Podemos resolver tudo por telefone”.

O episódio ocorreu no último 26 de agosto, e Sandra suspeita que o sistema foi hackeado ou que houve participação de alguém do hospital. “Ele não pediu para eu depositar algum dinheiro porque não lhe dei tempo para isto. Fiquei espantada como eles tinham tanta informação”, ressaltou a assistente social, que não registrou a tentativa de estelionato na polícia.

O Hospital da Bahia já havia divulgado, em folders, dicas para que as pessoas não se tornem vítimas. “A orientação é que elas não aceitem qualquer tipo de oferta feita por telefone e jamais faça depósito sem antes checar com o hospital”, destaca, no panfleto.

Eles costumam pedir dinheiro para honorários médicos, depósito para agilizar procedimentos de urgência, para descontos em medicamentos caros e pagamento de exames não liberados pelo plano, com promessa de posterior ressarcimento.

Coordenadora do serviço de psicologia do Hospital da Bahia, Karine Sepúlveda contou que os criminosos exigiam pagamentos de R$ 1,5 mil a R$ 3,5 mil. Por conta da prática, o hospital passou a entregar, na admissão do paciente, um documento onde ressalta que não realiza tratativas por telefone nem pede depósito, além de fazer um acompanhamento das vítimas.

Sobre os dados que os criminosos utilizam para tentar convencer familiares, a psicóloga disse que “há uma malha muito grande por onde passam essas informações dos pacientes”. “Os dados são os convênios e hospitais que têm. A gente não sabe de onde está partindo essa fragilidade”, disse.

*ATarde



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