Hospital da Bahia traz irmãos para visitar recém-nascidos na UTI

Reprodução/FolhaPress/Uol

Já havia mais de duas semanas que Otávio Augusto, 10, morador de Ilhéus, litoral sul da Bahia, estava ansioso para ver a irmã Elise Nathaly, nascida 19 de fevereiro no Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, cidade vizinha, separadas por 31 km.

O garoto, todos os dias, pedia para a mãe que o levasse até a unidade hospitalar onde a irmã foi internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, dois dias após nascida por complicações respiratórias a bebê nasceu com oito meses de gestação.

A visita ocorreu em março, graças um projeto do próprio hospital que desde outubro de 2015 traz irmãos para visitar recém-nascidos que estão na UTI neonatal, e que às vezes demoram meses para sair.

Foi um dia inesquecível para o pequeno Otávio. Amei a visita, estava querendo muito ver minha irmã, disse ele, em conversa com a reportagem por telefone. Eu a beijei, abracei, acariciei e fiquei muito feliz.

O sentimento do filho foi semelhante ao da mãe. Foi algo que trouxe mais felicidade e tranquilidade para o irmão, de ver a irmã, pegar no colo, ver que ela era perfeita, disse a empresária Flaviane Souza de Jesus, 32.

No Hospital Manoel Novaes, o primeiro contato entre irmãos ocorrer na UTI neonatal é algo que vem surpreendendo ainda muitas famílias, muitas das quais ficam sabendo que o projeto existe apenas quando estão com um bebê internado no setor hospitalar.

Muitas mães nos procuram para perguntar sobre como é a visita de crianças, se ela pode ocorrer, e aí falamos sobre o projeto, que dá todo o acompanhamento necessário, afirmou a psicóloga Tatiane Rodrigues, idealizadora do projeto.

Na UTI neonatal, onde há 32 leitos, as visitas têm duração de 15 minutos e geralmente ocorre uma por vez, sempre de forma agendada. Mas já teve casos de serem duas visitas por dia. As crianças sempre são acompanhadas pela psicóloga nas visitas.

A atendente de telemarketing Izadora Savana Amaral Lopes, 23, mãe de Isis Valentina, de quase dois meses, e de Isaac, 7, que também passou pela experiência, conta que a visita proporcionou mais amor e união entre a família.

Ele [Isaac] queria ver a irmã, que ela fosse logo para casa, e ficou feliz demais quando a viu. Uma felicidade que contagiou a todos. Após a visita, outras mães queriam saber mais sobre o projeto, como faziam para levar os filhos também”, conta Izadora.

Izis estava na UTI neonatal também por conta de problemas respiratórios, cinco horas após ter nascido, e precisou ficar 21 dias internada. O encontro dela com o irmão ocorreu pouco antes dela deixar a unidade hospitalar, sem precisar mais retornar.

Doutora em Psicologia do Desenvolvimento, a professora Patrícia Alvarenga, que leciona no curso de Psicologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia) afirmou que o projeto é importante porque ajuda a criança mais velha a diminuir a sensação natural de exclusão quando nasce um novo membro na família.

Ocorrendo a visita, o irmão mais velho vai sentir que ele está inserido no contexto de um novo membro na família, vai ver que os pais se importaram com o desejo dele de ver o irmão mais novo, fazendo circular uma maior afetividade entre todos.

*FolhaPress



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