Bahia tem primeira morte de indígena por covid-19

O Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba) comunicou ontem (30) a morte por covid-19 de um índio idoso da terra indígena Tupinambá de Olivença, no Sul da Bahia.

De acordo com o Jornal Correio, ele esteve internado no Hospital da Costa do Cacau, em Ilhéus, entre os dias 28 de abril a 7 de maio, período em que a unidade passou por surto de contaminação da doença. A morte foi registrada no dia 17 de maio.

Ainda conforme a publicação, o movimento afirma que o idoso estava internado por problemas neurológicos e pode ter contraído a covid-19 no hospital. Quando ainda não havia confirmação da morte pela doença, o Mupoiba havia informado que familiares da vítima seriam testados e alguns foram confirmados.

“O sentimento anti-indígena no sul da Bahia provoca insegurança e medo, agravados pelo estigma e pelo desconhecimento sobre a doença. A covid-19, portanto, transformou-se em mais um mecanismo no grande genocídio de povos indígenas, mas não apenas pelo seu caráter epidêmico, uma vez que o racismo contra os indígenas também impede a circulação adequada de informações fundamentais para a prevenção”, afirma o Mupoíba.

A morte do paciente foi confirmada pela secretaria de Saúde do município. O secretário Geraldo Magela explicou ao Correio que o índio deu entrada no hospital com quadro de derrame cerebral e contraiu a doença durante a internação

A prefeitura, junto com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, determinou a testagem de cerca de 60 pessoas ligadas ao índio, entre acompanhantes, visitantes e outros indivíduos que tiveram contato direto. O idoso morava no complexo das Aldeias Acuípe.

Até o momento, o Mupoíba e a Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí) contabilizam 17 casos de contaminação por coronavírus em terras indígenas na Bahia, sendo nove casos na Terra Tupinambá de Olivença, distrito de Ilhéus, e oito casos na Terra Pataxó da Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália.

A gente vem num desmonte da saúde indígena já há algum, tempo. Desde o governo Temer não tem repasse correto para a Sesai. Quando entrou o governo atual, as coisas pioraram. Teve mobilização e revolta dos indígenas no país inteiro. Nós entendemos que é uma política de extermínio dos povos indígenas. A pandemia veio num momento ruim para o Brasil porque o governo atual já não dava conta de lidar. Todas as falas do presidente são para exterminar as populações tradicionais do Brasil”, alerta Rutian Pataxó, apontou.



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