Advogados denunciam empresas por publicidade infantil no YouTube; discórdia

Cenas dos vídeos em que alguns ‘youtubers’ mirins abrem presentes enviados por empresas que constam na denúncia

Os vídeos começam com crianças empolgadas diante de uma caixa de presente. Mas não se trata de algo gravado em um aniversário, Dia das Crianças ou Natal. São crianças que têm canais no portal YouTube abrindo e mostrando presentes enviados por fabricantes de brinquedos, roupas, mochilas e outros produtos.

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A cena, que se repete em dezenas de canais desses chamados youtubers mirins, é um ponto de discórdia entre empresas, advogados e poder público.

 

De um lado, estão uma ONG e um órgão de defesa do consumidor. Eles afirmam que enviar esses presentes é fazer publicidade velada dirigida ao público infantil e, por isso, a prática deveria ser vetada.

No campo oposto, estão as empresas, que ora negam o envio dos produtos ora afirmam que estão reagindo ao pedido das crianças.

A ONG Instituto Alana entrou com uma denúncia no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro contra 15 empresas de setores como brinquedos, vestuários, material escolar e turismo. A empresa cita exemplos de vídeos em sua representação.

Mas basta uma busca rápida pelos canais mais populares de youtubers mirins para ver que a prática não é exceção. Em alguns canais há seções com nomes como “Recebidos”, só para mostrar os presentes que eles ganharam naquele mês.

Em um deles, um menino mostra produtos e fala: “Da Foroni, eu recebi essa mochila linda e duas agendas. Eles mandaram essa cartinha.” O garoto em seguida lê a mensagem, agradece à empresa e, depois, mostra em detalhes a mochila e seus compartimentos.

A denúncia da ONG foi acatada, e a promotora Ana Padilha, responsável pelo caso, afirmou que notificará as empresas “nos próximos dias”.

Para Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Alana, é muito lucrativo para as empresas terem suas marcas expostas nos canais do YouTube dessas crianças, por conta da enorme visibilidade que têm. “E eles marcam presença justamente enviando produtos para os youtubers mirins mostrarem para outras crianças”, afirma.

“Isso é publicidade velada dirigida à criança – e qualquer propaganda direcionada ao público infantil é prática abusiva e ilegal.”

 

Fonte: UOL



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