Ex-sequestrador agora ajuda jovens a trilhar um caminho longe do crime

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Samuel Muniz de Araújo, o Samuca, de 47 anos, queria ter a oportunidade de contar sua própria história. Um dos sequestradores mais procurados do Rio nos anos 80, ele temia que esse papel coubesse a terceiros, como acontece com a maioria das pessoas com trajetória semelhante à sua. Depois de condenado e de ter cumprido a pena, ele passou por uma transformação que o levou mais adiante. Criador de um projeto cultural voltado para adolescentes e jovens da Zona Oeste, hoje Samuca os ajuda não só a contarem as histórias deles, mas principalmente a reescrevê-las.

Ele estima que, nos últimos oito anos, ajudou a mudar trajetória de mais de 700 jovens de comunidades como a Vila Aliança e Senador Camará, que estão entre as áreas mais violentas da cidade e onde fica o centro cultural criado por ele. Através de oficinas de grafite, teatro, fotografia, pintura e dança, o projeto batizado de “A história que eu conto” ajuda a desviar a garotada do caminho do crime trilhado pelo seu criador ainda na adolescência.

— Quero ser referência, não pelo que fiz no passado, mas pelo que faço hoje. Acho que consegui. Tenho ex-alunos na música e nas artes em geral. Há ainda outros como um jovem que ajudei a tirar do tráfico e que agora é dono de uma padaria. Hoje ele tem família e profissão — afirma.

 

‘Queria ver os meus filhos crescerem’

Sétimo filho de uma família de nove irmãos, Samuca começou a trabalhar ainda criança, como pescador em Cabo Frio, para ajudar no sustento da casa. Sonhava ser jogador de futebol. Aos 16 anos, com a morte da mãe, revoltou-se e entrou no mundo do crime. Em vez de optar pelo tráfico, o garoto da Vila Aliança buscou um lucro maior e mais imediato, com grandes assaltos e sequestros. Em pouco tempo, era conhecido como “Menor Sinistro”, pela forma de agir.

Sua história começou a ser reescrita no dia em que completou 22 anos, em 1990, e foi preso e condenado a 15 anos e oito meses de reclusão, por sequestro. Após recurso, a pena caiu para 13, dos quais cumpriu sete. Com ajuda psicológica e do kardecismo concluiu que a saída era trilhar o caminho do bem.

— O maior inimigo do bandido é o sentimento, e o apego à família é o ponto fraco. Eu queria ver meus filhos crescerem e dar a eles a oportunidade de viver sua própria história, o que não conseguiria se continuasse no crime — diz ele, pai de quatro filhos e avô de três netos.

 

Fonte: Extra



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