Região Noroeste do RS registra surto de gafanhotos; espécie se alimenta de mata nativa

Nova espécie de gafanhotos não possui poder destrutivo alto para lavouras — Foto: Reprodução / RBS TV

A estiagem que atinge o Rio Grande do Sul provocou a proliferação dos gafanhotos. Em cidades da Região Noroeste os insetos já são vistos em áreas de matas nativas e também nas lavouras de soja e milho.

Segundo meteorologistas da Somar, a América do Sul vive a segunda seca mais intensa da história desde 2002. E é justamente por isso que os insetos estão aparecendo com mais frequência no estado.

A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) informa que os produtores não precisam se preocupar.

“É uma espécie local, de tempos em tempos ela forma surtos, não surtos como os que a gente viu na Argentina, mas ataques pontuais e locais. Essa é uma espécie que tem um potencial de migração reduzido”, explica o fiscal estadual agropecuário, Alonso Duarte de Andrade.

Segundo Alonso, não é o momento dos agricultores tomarem medidas de combate ao inseto.

“Por enquanto a gente não percebe essa destruição na parte da lavoura. Já existe um programa operacional da Secretaria Estadual de Agricultura a ser executado, quando a gente perceber dano econômico”, pontua.

Acompanhamento do Mapa

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou, no fim da tarde, que técnicos estão percorrendo as regiões do estado onde foram relatados surtos de gafanhotos. Segundo o Mapa, estão sendo coletadas amostras para confirmação das espécies pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), previamente identificadas por especialista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) como Zoniopoda iheringi Chromacris speciosa.

“Essas espécies são consideradas endêmicas no Brasil, de ocorrência natural, e não possuem hábitos migratórios com a formação de nuvens, como a que causou a situação de alerta e emergência fitossanitária há alguns meses. Os surtos de gafanhotos não migratórios podem ocorrer com relativa frequência especialmente se as condições climáticas forem favoráveis tais como o clima seco e a baixa precipitação acumulada nas últimas safras de verão naquele estado”, informou, em nota, o ministério.

A orientação aos produtores é para não tomarem medidas preventivas frente às infestações, sob a possibilidade de aumentar o desequilíbrio entre os inimigos naturais dessas espécies e agravar os danos futuramente. “O momento é de manter a atenção para eventuais populações expressivas de gafanhotos”, conclui.

Espécies

Nesta quarta-feira, a Secretaria de Agricultura do RS divulgou uma nota técnica detalhando o que já se sabe das espécies que foram vistas nos surtos relatados em Santo Augusto, São Valério do Sul e Bom Progresso.

As espécies foram identificadas como indivíduos adultos de Zoniopoda iheringi e ninfas de Chromacris speciosa, ambas da família Romaleidae, distante dos acridídeos migratórios. Ambas as espécies estão sendo mantidas no laboratório da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para estudos.

Ainda de acordo com a secretaria, as espécies não correspondem à Schistocerca cancellata, estando momentaneamente descartada a infestação por este gafanhoto migratório. Tratam-se de espécies endêmicas, de ocorrência natural e que normalmente não são pragas de importância agrícola. Foi observado que a preferência de hospedagem das infestações está centrada nas áreas de mata nativa e vegetação espontânea.

A prioridade dos levantamentos é constatar se há desequilíbrio nas populações naturais com possibilidade de danos às lavouras limítrofes aos focos.

Agricultores em alerta

Apesar dos gafanhotos demonstrarem uma preferência em se alimentar da mata nativa, os agricultores estão preocupados.

“A maior parte das minhas lavouras fica perto dessa área de mata. Eles estão se deslocando, e já estão comendo a soja. Minha preocupação é essa: até onde vão?!”, questiona agricultor Elenir Bidal Garcia, de Santo Augusto.
Fonte: G1


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