A proliferação da dengue no Brasil impulsionou a demanda por repelentes, ferramenta crucial na luta contra o mosquito Aedes aegypti. A indústria e as grandes redes farmacêuticas temem a falta de insumos para a produção do produto em território nacional.
Embora as associações do setor não disponham de dados consolidados sobre o aumento na procura, redes de farmácias e a indústria relatam ao blog da Julia Dualibi um crescimento de 500% na busca pelo produto entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024.
Para suprir a demanda crescente, as fabricantes estão intensificando seus esforços. As medidas incluem:
- Aumento dos turnos de trabalho para elevar a produção de repelentes;
- Antecipação da compra de matéria-prima;
- Custeio do transporte aéreo para trazer insumos ao Brasil.
O princípio ativo mais utilizado em repelentes é a icaridina, um dos três presentes na fórmula do produto.
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), representante do setor, não confirma a iminência de desabastecimento de repelentes no mercado. No entanto, reconhece que a demanda está “muito acima do previsto pelos fabricantes” e solicitou à Anvisa a aprovação de novos repelentes.
A associação das redes de farmácias também descarta a escassez no momento, mas duas grandes redes relataram ao blog que os estoques devem durar apenas até abril.
Norberto Afonso, CEO da Henlau Química, adverte: “Não é apenas no Brasil que há casos de dengue. Isso se alastra em outros países. Estamos com um prazo de 45 a 60 dias para que o princípio ativo dos repelentes chegue ao Brasil.”
Adibe Marques, diretor comercial da fabricante Cimed, demonstra preocupação com o cenário: “A matéria-prima deste produto é importada e, por ser inflamável, só podemos trazê-la usando navios. Com isso, nossa produção está garantida até abril, mas não temos confirmação para os meses seguintes.”