Em mais um dia de volatilidade, o dólar fechou no maior valor em 13 meses, aproximando-se de R$ 5,30 em picos momentâneos. A bolsa de valores, por sua vez, amargou a quinta queda consecutiva, atingindo o menor nível desde novembro de 2023.
O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,27, com alta de R$ 0,08 (+1,64%). A moeda americana iniciou o dia em R$ 5,21 e subiu gradativamente ao longo da sessão, alcançando a máxima de R$ 5,28 por volta das 12h. Esta foi a quinta alta consecutiva do dólar, que fechou no valor mais alto desde 23 de março do ano passado. Nos últimos cinco dias, a moeda americana acumulou um aumento de 5,23%, sem nenhuma intervenção do Banco Central no mercado de câmbio por meio de operações de swap (venda de dólares no mercado futuro).
O mercado acionário também não escapou do pessimismo. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 124.389 pontos, com queda de 0,75%. Esse resultado representa o patamar mais baixo desde 13 de novembro de 2023. No acumulado do ano, o índice registra um recuo de 7,3%.
Diversos fatores, tanto domésticos quanto internacionais, contribuíram para a turbulência no mercado financeiro nesta terça-feira. No cenário interno, a mudança na meta fiscal para 2025, com a manutenção do déficit primário zero em vez da meta de superávit primário de 0,5% do PIB para o próximo ano, gerou desconfiança entre os investidores.
No entanto, os principais responsáveis pela volatilidade foram os fatores externos. O agravamento das tensões entre Irã e Israel, somado ao aquecimento da economia norte-americana, impulsionou o dólar em todo o planeta. Apesar da desaceleração na construção de moradias nos Estados Unidos, novas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano), Jerome Powell, criaram ainda mais instabilidade. Powell afirmou que os dados recentes de inflação diminuem a probabilidade de o Fed iniciar um corte na taxa de juros no curto prazo.
As taxas de juros elevadas em economias avançadas tendem a estimular a fuga de capitais de países emergentes como o Brasil, pressionando o valor do real.
Na contramão do mercado financeiro, o preço do barril de petróleo Brent, referência internacional, caiu 0,43%, para US$ 89,99, mesmo após um bombardeio iraniano a Israel.
O cenário para o mercado financeiro segue incerto, com a volatilidade provavelmente persistindo nos próximos dias. Investidores devem acompanhar de perto os desdobramentos das tensões geopolíticas e as decisões dos bancos centrais, principalmente do Fed, em relação à taxa de juros.
