PF tem dificuldades para acessar conteúdo de celular do coronel Lima

A Polícia Federal (PF) está com dificuldades para acessar todo o material contido nos aparelhos eletrônicos de João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo do presidente Michel Temer. Há dados protegidos que, para serem recuperados, precisam de técnicas especiais. O problema é que tais manobras não garantem sucesso. Pelo contrário: podem até mesmo levar à destruição das informações armazenadas. Assim, a PF pediu autorização do ministro Edson Fachin, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), para fazer esse procedimento.

“Solicito autorização de Vossa Excelência para submeter o aparelho celular apreendido na posse de João Baptista Lima Filho a procedimento especial pelo Instituto Nacional de Criminalística visando à extração de dados. A técnica a ser utilizada se faz necessária para a recuperação plena dos dados contidos no referido aparelho, conforme laudo 1140/2017, em cópia, e requer autorização específica deste juízo pois seu uso pode ocasionar a perda de dados do celular apreendido”, diz trecho de documento do delegado Josélio Azevedo de Sousa endereçado a Fachin, assinado no dia 25 de julho, mas entregue ao STF apenas em 3 de agosto.

O demais dados foram extraídos pela PF, mas não há ainda informações disponíveis sobre o seu conteúdo. A apreensão dos aparelhos e a análise de seu material foram autorizadas por Fachin, em razão das investigações surgidas com a delação de executivos do frigorífico JBS.

Florisvaldo Caetano de Oliveira, um dos colaboradores, disse ter levado uma caixa com R$ 1 milhão a um homem conhecido como “coronel”, em 2014. Segundo outro delator, Ricardo Saud, trata-se do coronel Lima, e o dinheiro tinha como destino Temer, na época vice-presidente da República. Saud disse inclusive que o valor foi “roubado” por Temer. Isso porque ele guardou o dinheiro, em vez de gastá-lo na campanha daquele ano, conforme combinado previamente com o PT. O presidente vem negando as acusações dos delatores da JBS.

O relatório da PF, elaborado pelo perito criminal federal Ronei Maia Salvatori, mostra que foram analisados um celular Samsung, três equipamentos da Apple — um celular iPhone, um tablet iPad e um computador notebook —, outro notebook da Dell e cinco pen drives. Os principais problemas foram no iPhone e iPad, listados nos itens 2 e 3 do rol de bens apreendidos.

“Quanto aos e-mails armazenados no equipamentos referentes ao itens 02 e 03, é importante destacar que foram extraídas somente informações de data/hora, assunto, remetente e destinatário. O conteúdo (corpo) dos e-mails não foi extraído devido à impossibilidade de acesso à área de memória protegida do equipamento. Para acesso a esses dados é necessário realizar uma técnica de desbloqueio conhecida coma ‘Jailbreak’. Tal procedimento apresenta riscos quanto à integridade dos dados, podendo os mesmos serem apagados, ou até mesmo ocorrer a inutilização do aparelho”, diz trecho do relatório da PF.

Também houve problemas para recuperar dados do celular da Samsung: “O aplicativo WhatsApp instalado no aparelho referente ao item 01 não exibia mensagens. No entanto, é importante destacar que eventuais mensagens existentes ou apagadas não foram extraídas devido à impossibilidade de acesso à área de memória protegida do equipamento. Para acesso a esses dados é necessário realizar uma técnica de desbloqueio conhecida como ‘root’. Tal procedimento apresenta riscos quanto à integridade dos dados, podendo os mesmos serem apagados, ou até mesmo ocorrer a inutilização do aparelho”.

João Baptista Lima Filho é coronel aposentado da Polícia Militar (PM) paulista, por isso o apelido pelo qual era conhecido. O endereço da entrega do dinheiro, a Argeplan Arquitetura e Engenharia, na Vila Madalena, foi um dos alvos de busca e apreensão em maio.

 



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