‘Lunáticos conseguem prevalecer’, diz Maia sobre impasse no Ministério da Educação

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou neste domingo (5) que os “lunáticos conseguem prevalecer” ao comentar o impasse em torno do comando do Ministério da Educação.

O deputado federal deu a declaração durante entrevista à GloboNews, na qual também falou sobre fake news, relacionamento com o governo federal, questões ambientais e medidas para a recuperação econômica do país.

Desde a última quarta-feira (1º), quando a nomeação de Carlos Alberto Decotelli foi anulada, o cargo de titular do MEC está desocupado, mas, para Maia, o país está sem um ministro da Educação há um ano e meio.

Antes de Decotelli, que teve de deixar o governo depois de descobertas informações falsas em seu currículo, o MEC era chefiado por Abraham Weintraub. O ex-ministro se envolveu em várias polêmicas e sua situação ficou insustentável depois que se tornaram públicas ofensas, feitas por Weintraub durante reunião ministerial, contra magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos últimos dias, ganhou força o nome do secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, para a vaga aberta com a saída de Decotelli. A indicação contava com o aval do PSD, partido do Centrão que se aproximou do Palácio do Planalto nos últimos meses.

Entretanto, Feder foi alvo de várias críticas de grupos ideológicos ligados ao presidente Jair Bolsonaro. A indicação do secretário do Paraná para o MEC também não era vista com bons olhos por evangélicos que apoiam o governo.

Em uma rede social, Feder disse que foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para ser o ministro da Educação, mas que decidiu rejeitar a proposta e seguir com o projeto no Paraná.

Sem citar o nome de Feder, Maia disse à GloboNews que ele estava passando por um processo de fritura nas redes sociais, o que, na avaliação do parlamentar, é “lamentável”.

“Hoje [domingo], um teve que dizer que estava desistindo do ministério, quer dizer, porque tava sendo fritado nas redes sociais, quer dizer, uma coisa lamentável. É um quadro que parece, eu não conheço, parece de qualidade. Talvez fosse convidado, talvez fosse um bom ministro. Agora, os lunáticos conseguem prevalecer em um debate onde a racionalidade devia ser a principal palavra”, disse o presidente da Câmara.

Em outro momento da entrevista, Maia disse esperar que os “lunáticos deixem de ser relevantes nas redes sociais, na influência ao gabinete” do presidente Jair Bolsonaro. Sem citar Weintraub, Maia disse que “um dos lunáticos” está nos Estados Unidos. O ex-ministro foi para o país norte-americano após deixar o MEC com a expectativa de assumir cargo de direção no Banco Mundial.

“Eu espero que o Banco Mundial tenha juízo e saiba escolher bem os seus diretores. O Banco Mundial não merece esse tipo de política”, afirmou Maia.

Ainda sobre Educação, o presidente da Câmara disse que a Casa deve votar, em até duas semanas, proposta que institui o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Outros temas

Veja o que Maia falou sobre outros temas na entrevista à GloboNews:

  • Projeto sobre fake news: “É uma matéria que precisa ser construída nas duas Casas [Câmara e Senado], já que haverá possivelmente o veto do presidente. É importante que a gente garanta uma maioria absoluta nas duas Casas para, quando a matéria voltar, a gente possa derrubar esses vetos. As fake news passaram a ser um instrumento de estímulo ao ódio, às instituições democráticas, às ameaças à vida, à integridade física. Pra mim, passou a ser um tema vital para o futuro da nossa democracia.”
  • Teto de gastos: “A gente não deve debater mudança de teto de gastos. A gente tem que tratar de melhorar a qualidade do gasto público, somado com a prioridade número um: a reforma tributária. Ela, sim, melhora o ambiente de negócio do setor privado.”
  • Relação com Bolsonaro: “Eu fico com a tese de que o presidente compreendeu que, sem um bom dialogo com o Parlamento, sem prioridade no Parlamento, sem sentarem à mesa o presidente, o Congresso e o STF, as coisas não vão andar no Brasil.”
  • Meio Ambiente e investimentos: “O mais importante não é trocar o ministro [do Meio Ambiente]. Se trocar o ministro e mantiver a mesma narrativa, não resolve nada. O mais importante é mudar a sinalização para a sociedade. Tenho certeza que atores da equipe econômica, em janeiro, foram informados; e voltaram preocupados com recuo de investidores em relação ao Brasil pela questão ambiental.”
  • Novo imposto: “Sou radicalmente contra a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e, pelo menos até fevereiro de 2021, não contem com a presidência da Câmara para pautar qualquer imposto disfarçado de CPMF.”
  • Sergio Moro: “Se for candidato [em 2022], é candidato fortíssimo. Eu acho até que fez um bom trabalho no Ministério da Justiça. Tivemos divergências. Ele representa uma parte da sociedade. A gente viu as últimas pesquisas com o nome dele. Ele caminha para a política e é bom que participe do processo eleitoral do Brasil. Acho que é um candidato com muitas chances de chegar ao segundo turno.”

*G1



Veja mais notícias no blogdovalente.com.br e siga o Blog no Google Notícia