Santo Antônio de Jesus: moda entre jovens, aparelhos falsos trazem riscos à saúde

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Aparelhos dentários falsos viraram uma moda perigosa entre os adolescente. Com elásticos coloridos e trançados, são chamados de “diferenciados” e vendidos por camelôs no centro de Santo Antônio de Jesus e nas redes sociais. Em grupos de compra e venda da cidade, os aparelhos odontológicos falsos são comercializados livremente.  Os dentistas alertam que o conjunto de peças coladas e unidas por um elástico ou fio provoca uma movimentação nos dentes, que pode causar, entre outras coisas, retração na gengiva e perda óssea.
Celso Lemos, professor do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), comenta que a aplicação inclui até fios de vassoura e supercola, além de fios e elásticos trançados. “Tudo isso tem potencial de fazer um estrago muito grande, com perda de dente. Temos visto imagens de dentes totalmente soltos, com a raiz fora da maxila, presos só pelo aparelho” afirma. Em geral, quem instala os aparelhos são jovens sem nenhuma formação odontológica, que se autopromovem pelas redes sociais.
A ortodontista Nerli Juliano diz que a colocação errada das peças metálicas pode romper o nervo e fazer com que o dente saia do osso. O periodontista Helio Sampaio Filho diz ainda que o uso de cola extraforte pode ter efeito tóxico para mucosa da boca, levando a lesões.”
Ele lembra que, sem orientação profissional, a higienização da boca pode ser negligenciada, o que provoca gengivites. “Ninguém sabe a origem desses materiais. Os jovens não têm ideia do perigo que mora em suas bocas.”

Complicações
Tanto os jovens que colocam os acessórios por conta própria, quanto os que mantêm o aparelho depois de um tratamento odontológico para personalizar correm risco de danificar a estrutura dentária e comprometem a saúde bucal, explica Cláudia Garrido, cirurgiã-dentista e supervisora do Setor de Fiscalização do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).

Os que mantêm o aparelho após tratamento podem perder toda a correção obtida. “Tanto é que, após o tratamento ortodôntico, o paciente usa aparelho de contenção, justamente com o intuito de manter a posição dos dentes”, diz a dentista Cláudia.

“Pelo fato de adquirir (os acessórios) de ambulantes não sabemos a procedência do produto e isso coloca em risco a saúde do usuário, porque não existe biossegurança. Os produtos são vendidos fora da embalagem original e não se sabe como foi o armazenamento”, diz.

O tipo de elástico e a forma como os jovens os colocam entre os brackets pode aplicar força nos dentes de forma aleatória, provocando alteração do posicionamento dentário e consequentemente, dor. “É muito difícil que o aparelho não cause sensibilidade, mesmo em tratamento assistido”, afirma.

Segundo ela, a prática traz riscos de intrusão, quando o dente é empurrado para o interior do tecido ósseo; de extrusão, quando ele é puxado para baixo e para fora do suporte ósseo, e de giroversão, quando o dente gira no próprio eixo. Sem uma mastigação adequada, ela conta que também pode haver problemas de digestão dos alimentos.

Fonte: Jornal do Recôncavo/G1/Folha


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