Saiba tudo sobre a Imunoterapia: novo tipo de tratamento contra tumores

Enquanto a incidência de novos casos de câncer não para de crescer no Brasil – espera-se 596 mil novos casos até 2017, segundo levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA) -, cerca de 280 novos estudos científicos sobre o câncer são publicados diariamente.

Cientistas norte-americanos conseguiram uma sequência de bons resultados contra a doença. A chamada imunoterapia promete indicar o rumo dos estudos daqui para frente. A técnica, ao invés de atacar o organismo como a quimio e a radioterapia, fortalece o corpo para que ele combata a doença. O objetivo é o mesmo: atingir a massa tumoral.

Amândio Fernandes Júnior, cancerologista clínico, membro da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC), esclarece algumas questões sobre a terapia que vem sendo considerada uma revolução no tratamento do câncer.

O que é a imunoterapia no câncer?

A imunoterapia é uma forma de tratamento biológico. O objetivo é estimular o sistema imunológico do paciente a combater e destruir as células tumorais por meio de substâncias que modificam a resposta imune do organismo em relação às células cancerígenas.

Como a imunoterapia funciona no tratamento do câncer?

O mais interessante é que, diferente da quimioterapia tradicional, as medicações usadas na imunoterapia não atacam e nem destroem as células tumorais. Essas medicações estimulam o sistema imunológico para que ele lute, e destrua, as células cancerígenas. As células de defesa, o linfócito T, possuem pontos específicos chamados de receptores. Eles funcionam como se ligassem ou desligassem as nossas defesas. As células tumorais têm capacidade de produzir substâncias capazes de desligar esses receptores, fazendo com o sistema imunológico não reconheça o tumor como uma ameaça ao organismo.

Quando iniciou a imunoterapia no tratamento do câncer?

A procura por uma terapia para o câncer no sistema imunológico não é uma ideia nova. O grande avanço na imunoterapia ocorreu a partir dos anos 80, quando pesquisadores identificaram a existência de receptores celulares capazes de estimular ou inibir o sistema imunológico de defesa. Atualmente, já existem drogas específicas que atuam nesses receptores permitindo que o sistema imunológico reconheça as células tumorais como uma grande ameaça.

O que tem de especial na terapia imunológica do câncer?

A imunoterapia é capaz de reconhecer que o sistema imunológico do paciente com tumores pode ser usado como uma arma terapêutica contra a sua doença. Assim, fica claro que é no próprio paciente que podemos encontrar a melhor forma de combater o câncer.

Em quais tipos de câncer a imunoterapia tem demonstrado benefício e quais as medicações já disponíveis?

Os primeiros resultados dessa nova abordagem terapêutica foram demonstrados no melanoma cutâneo metastático – tipo de câncer de pele grave. Para este tipo de tumor, foi aprovado, em 2012, o Ipilimumamb. A resposta terapêutica dos pacientes foi surpreendente: cerca de 20% deles apresentaram uma sobrevida prolongada considerável. Novas drogas já estão chegando ao Brasil. O Nivolumab é a promessa para o tratamento de câncer de pulmão. Os estudos sobre imunoterapia vem se intensificando e apresentado excelentes resultados em vários tipos de tumores, como rim, bexiga e intestino, por exemplo.

Quais os desafios da imunoterapia?

Embora os resultados terapêuticos da imunoterapia sejam positivos e promissores, infelizmente em determinados tipos de câncer, ela é altamente eficaz em alguns pacientes e não apresenta nenhum resultado em outros. Além disso, é importante considerar os efeitos colaterais: fadiga, tosse, náuseas, prurido, erupção cutânea, diminuição do apetite, constipação, dor nas articulações e diarreia.

São medicações de fácil acesso?

O custo dos imunoterápicos ainda é muito alto. Para se ter uma ideia, uma única dose do Ipilimumab chega a custar, aproximadamente, 90 mil reais, o que inviabiliza o uso em larga escala. A grande pergunta é: como o sistema público de saúde e os convênios vão absorver tratamentos com custos tão elevados? Nesse momento, é preciso uma mobilização da indústria farmacêutica, médicos, planos de saúde e governo para resolver essa equação.

*NM



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