Abraço a Microcefalia: Mantido por doações, projeto oferece acolhimento e orientação

IMAGEM_NOTICIA_5Desde o início do surto de microcefalia no Brasil, no segundo semestre de 2015, muitas famílias se sentiram desamparadas e assustadas com diagnósticos positivos. Após o nascimento de Gabriel, em dezembro, Mila Mendonça teve contato com muitas mães de bebês com a malformação e percebeu a necessidade de apoio e orientação. “Eu e meu marido, Rodrigo, fazíamos parte de um grupo de WhatsApp criado por médicos e percebemos que alguns bebês com três ou quatro meses ainda não tinham feito nenhuma sessão de estimulação. Com Gabe, a gente fazia desde o hospital”, contou ao Bahia Notícias. A partir dessa constatação, o casal começou a organizar aulas coletivas no próprio prédio. Algum tempo depois, Mila reencontrou uma amiga de escola, Maria Joana, que tinha as mesmas inquietações. “Ela já tinha marca e já estava buscando um lugar”. Assim começou, em 2 de abril, o Abraço a Microcefalia, um projeto voluntário que busca auxiliar as famílias por meio de oficinas, doações e troca de experiências.

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Mantido apenas com doações de pessoas físicas ou jurídicas, o grupo se encontra toda quinta-feira, às 14h, em um espaço cedido pela Escola Municipal Casa da Providência, no bairro da Saúde. Segundo Mila, até esta semana, 67 mães estavam cadastradas, com uma média de 45 por reunião. “A cada oficina sempre chegam três ou quatro novas”, de diferentes bairros e até mesmo de outros municípios. Edilene Costa, por exemplo, viaja de Mutuípe para Salvador semanalmente para o tratamento de Heitor, de seis meses, no Hospital Santo Antônio. Após a consulta, permanece na capital para o encontro. “Aqui um ajuda o outro a compreender o que está acontecendo com os bebês. Esses profissionais que estão vindo para nos orientar também são muito importantes”, disse. Entre os profissionais que voluntariamente visitaram o projeto estão fisioterapeutas, fonoaudiólogos, neuropediatras e advogados, além de aulas lúdicas, como a dança materna, que aconteceu nesta quinta-feira (14). O grupo ainda recebeu uma visita especial nesta última oficina. Emanuele Vitória, de 8 anos, contou sua história de superação durante a reunião, com a ajuda de sua mãe, Neide dos Santos. Emanuele tem microcefalia e atualmente está muito bem, segundo sua mãe. “Ela estuda, fala tudo e está quase lendo”, contou Neide. “Na época que ela nasceu, a microcefalia não era tão falada, então não tinha grupos assim. Mas ela teve acompanhamento desde pequenininha. No Martagão Gesteira até o sexto mês e depois passou para o Hospital Santo Antônio”.

microcefaliaEdileneO Abraço a Microcefalia não só apoia as famílias com orientações, mas também doações. As mães que precisam recebem fraldas, leite e outros materiais para o cuidado dos bebês. Esse foi um dos pontos que Elaine da Silva, mãe de Pedro Arthur, de cinco meses, ressaltou como positivos sobre o projeto. “Eu faço parte do grupo desde o início e é muito bom. A gente aprende muitas coisas e tem doação de fraldas e materiais para o bebê. A gente também troca conhecimentos. Toda semana é uma coisa nova, descobrindo sobre o desenvolvimento dos bebês”, afirmou. Além da ação, ela ainda elogiou o atendimento recebido na rede de saúde. “Pedro faz estimulação desde que nasceu, no Cepred e no Sarah. Em todos os lugares que a gente passa, até para fazer exame, o pessoal abraça mesmo. A gente é prioridade”, elogiou Elaine. A baixa participação dos homens nas reuniões do Abraço a Microcefalia é um dos pontos que Mila Mendonça acredita que deve ser alterado. Na tentativa de mudar isso, o Dia dos Pais será celebrado com um evento especial. Assim como as outras mães, a idealizadora do grupo está feliz com o desenvolvimento do pequeno Gabriel e disse estar aprendendo a cada dia. “Uma das milhares de lições que Gabe me deu foi não ficar muito ansiosa com o futuro: se vai para a escola, quando vai começar a andar… Meu futuro é daqui a três dias, sabe? Ele precisa agora endurecer o pescoço, então vamos focar nisso. Se o problema é visão, vamos atrás do óculos. Cada agonia no seu dia”. Interessados em contribuir com o projeto podem entrar em contato por meio do telefone (71) 99630-7875 ou pelo e-mail [email protected]. (Bahia Notícias)



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