Infectologista alerta para mulheres fieis no casamento que pegam HIV dos maridos

Foto: Reprodução/Instagram

 

A médica infectologista Eduarda Prestes, formada pela Universidade Estadual do Pará (UEPA) alerta para a prevenção de mulheres casadas que são contaminadas pelos próprios maridos pelo vírus do HIV.

Ela trabalha no Centro de Tratamento e Acolhimento (CTA) em Santarém, no Pará, onde passa por dezenas de situações parecidas todos os dias. Em entrevista para o portal UOL ela relata alguns casos, como o da grávida que só descobriu que tinha HIV numa consulta pré-natal na oitava semana de gestação.

“Era o seu primeiro filho e estava acompanhada da mãe, uma senhora de quase 70 anos. Eu vi essa mulher muito angustiada no ambulatório. Como era a primeira consulta dela, sempre buscamos acolher ao máximo. Perguntamos como está, a maneira como acredita que pegou o vírus, para quem ela vai contar e por aí vai. Durante a conversa, descobri que era professora, na faixa dos 30 anos, casada há cinco anos e que nunca teve uma relação extraconjugal”, conta a médica.

Segundo a médica, algumas mulheres descobrem que estão com HIV quando o marido já está muito doente, em fase de Aids, e que muitas vezes vai a óbito, quando testam positivo no pré-natal da gestação e poucas descobrem por meio de exames de rotina.

A infectologista credita que essa falta de cuidado por parte das mulheres está relacionada ao preconceito, falta de informação e falta de investimento em campanhas de conscientização voltada para o público feminino.

“O representante máximo do governo atual culpa quem se infecta e atribui a epidemia de HIV no Brasil a quem tem “comportamentos sexuais diferenciados”. Trata nossos pacientes como uma despesa ao SUS (Sistema Único de Saúde), e tira completamente o foco de investimentos em campanhas de prevenção e conscientização. Enquanto isso, “pais de família” infectam suas esposas apoiados no falso moralismo vigente em nossa sociedade”, afirma a infectologista.

A médica demonstra indignação com o preconceito e o comportamento errático das pessoas no combate e esclarecimento do contágio do HIV. “Estamos em 2021 e ainda tem gente que acredita piamente no mito de que não pode sentar no mesmo lugar, usar o mesmo banheiro ou compartilhar o talher com uma pessoa que vive com HIV”.

Eduarda postou recentemente em suas redes sociais um desabado e um alerta para as mulheres que contraem HIV através dos maridos infiéis.

A médica informa que a maioria dos estudos de prevenção ao HIV são voltados para o público masculino e que é necessário “adaptar métodos de prevenção masculinos quando o assunto é sexo entre mulheres; que estejamos fadadas a sermos sombra e estar à margem do que é voltado para homens”.

Eduarda utiliza as redes sociais (@clorexiduda) para informar e alcançar o maior número de pessoas possíveis. “Com essa interação, consigo visualizar as demandas dessas mulheres. Conversamos, trocamos experiências, às vezes nos tornamos próximas. Elas me fazem ter vontade de seguir adiante, de estudar mais e de, um dia, poder fazer mais do que tenho feito até agora”.

Por fim ela pede que as mulheres se cuidem, façam exames preventivos e principalmente “não confiem em ninguém”.

*Informações UOL/Universa



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