Você já ouviu falar em borderline? Ainda pouco conhecida no Brasil, essa doença se caracteriza pela presença de sentimentos e comportamentos extremos que podem se alterar de uma hora para outra. O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, flutuações extremas de humor e impulsividade.
Muitas de suas características se confundem com o transtorno bipolar, o que pode dificultar ainda mais o seu devido tratamento considerado desafiador.
De acordo com o médico psiquiatra, Dr. Rogério Jesus, a borderline trata-se de uma doença psicológica e psiquiátrica que gera mudanças repentinas de atitudes as quais podem ser extremas e impulsivas. “A pessoa diagnosticada com borderline pode ir de uma imensa euforia a um sentimento intenso de raiva, depressão ou ansiedade. É uma condição que deixa o indivíduo sempre nos seus limites emocionais, com humor e comportamentos instáveis. Além da montanha-russa emocional e da dificuldade em controlar os impulsos, o border tende a enxergar a si mesmo e aos outros na base do “tudo ou nada”, o que torna as relações familiares, amorosas, de amizade e até mesmo a com o médico ou terapeuta, extremamente desgastantes,” ressalta.
Nos ambulatórios de psiquiatria, a doença representa em torno de 20% dos pacientes e conforme dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 8 à 10% dos indivíduos com esse tipo de transtorno cometem suicídio.
Segundo o especialista, por mais que o borderline tenha sintomas variáveis, algumas características são comuns entre os indivíduos acometidos pela doença. “O paciente apresenta sentimentos de insegurança em relação a si e aos outros, sensação de vazio e muita solidão, mudanças severas de humor que podem perdurar por horas ou dias, depressão, ansiedade e raiva, irritabilidade, impulsividade que pode ser associada ao vício em jogos ou drogas, pensamentos e possíveis ameaças suicidas, medo excessivo ou irreal de abandono por familiares, parceiros ou amigos, problemas para aceitar críticas, e outras”, salientou.
Conforme Dr Rogério Jesus, nenhum tipo de exame de rotina, seja de imagem ou sangue, tem como diagnosticar se o borderline acomete uma pessoa. “ É necessário consulta médica junto a um especialista em saúde mental para definição do caso que ocorre por meio da análise clínica e do histórico do paciente”.
Quanto as causas da doenças, a borderline tende a ocorrer por conta de conflitos marcantes na vida da pessoa, como experiências traumáticas, separações, quase morte, falecimento de entes queridos ou mesmo abuso sexual. “Em geral, o distúrbio de borderline é mais comum em indivíduos que cresceram em lares ou ambientes emocionalmente negativos e de afetividade conturbada,” afirma.
Transtorno de personalidade borderline e transtorno bipolar; entenda a diferença:
O transtorno de personalidade borderline é muito confundido com o transtorno bipolar. De acordo com Dr Rogério Jesus, embora sejam distúrbios diferentes, o fato de ambos apresentarem sintomas parecidos, acaba gerando dúvidas e dificuldade no diagnóstico. “A bipolaridade é um transtorno afetivo marcado por fases de mania e depressão, com períodos que oscilam humor normal e episódios de humor alterado. Já o transtorno de personalidade borderline é complexo e duradouro. Ele permeia toda a vida do indivíduo, com variações de intensidade. Em alguns momentos ele se manifesta de maneira mais forte do que em outros,” explicou.
